Investigadores analisaram como as desigualdades sociais e económicas influenciam a capacidade das comunidades da Califórnia de se protegerem contra incêndios florestais, sendo que um telhado pode reduzir até 27% a probabilidade de uma casa ser destruída pelo fogo
O estudo teve como foco a renovação de telhados, uma das medidas mais eficazes, porém também uma das mais caras, para tornar as residências mais resistentes ao fogo. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Communications e revelou disparidades significativas.
Os investigadores estudaram a relação entre fragilidade económica e a proteção contra incêndios em comunidades, analisando licenças de construção de 16 condados da Califórnia, com um total de 2,9 milhões de edificações, no período entre 2013 e 2021.
Os resultados mostram que as comunidades estruturalmente desfavorecidas implementam medidas essenciais, como a renovação de telhados, com menor frequência, deixamdo-as mais expostas aos impactos dos incêndios florestais no futuro.
Por exemplo, o risco de destruição de residências por incêndios florestais em 30 anos é 29% maior em comunidades classificadas pelo governo dos Estados Unidos como desfavorecidas, em comparação com comunidades menos vulneráveis.
Além disso, a taxa de renovação de telhados nessas áreas é 28% menor. Essa disparidade também impacta os riscos futuros, já que um telhado novo pode reduzir até 27% a probabilidade de uma residência ser destruída pelo fogo.
Nota: o artigo refere-se a telhados shingle , muito comuns na Califórnia e que têm, na sua composição, uma mistura de manta de fibra de vidro saturada em asfalto com grânulos cerâmicos, que podem, ao longo do tempo, perder a sua resistência às chamas.
Texto publicado no Ecodebate.