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Entidades comprometem-se a estudar e preservar pegadas de dinossauros da pedreira de pedrógão

Várias entidades comprometeram-se hoje a estudar e a preservar as pegadas de dinossáurios descobertas há 20 anos numa pedreira desativada em Pedrógão, concelho de Torres Novas (Santarém), e hoje tornadas públicas

A jazida paleontológica, na serra de Aire, foi identificada por João Carvalho, da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia, e os trilhos de pegadas de dinossáurios localizam-se na Pedreira do Espanhol.

Os novos trilhos encontram-se dispersos numa área com cerca de 10.800 metros quadrados, num estrato calcário datado do Jurássico Médio.

“Em primeiro lugar, o que temos de fazer é haver um estudo científico que valide a importância desta laje e das pegadas que aqui existem, esse é o primeiro passo”, afirmou à agência Lusa o diretor regional de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Rui Pombo.

Realçando que na área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) há vários registos de pegadas de dinossáurios, Rui Pombo assinalou que só são conhecidos porque há exploração de pedreiras que puseram a descoberto este património.

No caso da Pedreira do Espanhol, em espaço público, pelo menos desde o início da década de 90, que está sem atividade de exploração, referiu.

Este responsável do ICNF acrescentou que, além do estudo, é importante que a comunidade científica também indique qual a melhor forma para preservar o achado.

Quanto à promoção da visitação, esta deve ser “cuidada, sustentada, adequada, regrada”.

Neste aspeto, Rui Pombo apontou a possibilidade de ter “um espaço de visitação diferente”, natural, “sem o artificializar” para uma visitação mais massiva, e complementar à Pedreira do Galinha, hoje Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas, do qual dista seis quilómetros em linha reta.

Questionado se há verba para concretizar este trabalho, respondeu positivamente.

“Conseguiremos, seguramente, encontrar esse dinheiro, designadamente no âmbito daquilo que é a Comissão de Cogestão do Parque Natural”, afiançou, notando que, nos últimos quatro anos, na Jazida com Pegadas de Dinossáurios de Vale de Meios (Santarém) e na Pedreira do Galinha foram investidos quase um milhão de euros, ao nível da geoconservação, condições de visitação e material didático.

Já o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, salientou a “necessidade absoluta de classificação” do espaço, garantindo que, “de todas as maneiras, a Câmara Municipal irá acompanhar e ajudar a preservar”.

“Teremos de procurar, junto das entidades competentes, para, na linha das primeiras pegadas, classificar do que oficialmente for recomendado, para se tirar partido em termos de património cultural, turístico”, disse Pedro Ferreira.

Por outro lado, admitiu que esta descoberta “irá, de uma forma direta ou indireta, acabar por ficar ligado” ao Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas, onde, desde a descoberta, em 1994, o município sempre acompanhou “com muito empenho” os trabalhos desenvolvidos.

“Iremos com os nossos serviços da câmara, seguindo as orientações que os técnicos nos derem, ajudar a preservar e acompanhar cada passo que se dê em termos deste património riquíssimo que é nosso, é do país, é do mundo”, assegurou o autarca.

O vice-presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo José Alho referiu que o achado “será muito importante no sentido de acrescentar valor ao que já existe no domínio da paleontologia” nesta região, assinalando o compromisso, juntamente com outros parceiros no âmbito do cogestão do PNSAC, de dar o contributo para valorizar a área.

Já o presidente da Comissão de Cogestão do PNSAC, Rui Anastácio, também presidente da Câmara de Alcanena, afirmou que o achado hoje tornado público é mais um ponto de interesse, que deve ser promovido e divulgado para trazer valor ao território, enquanto o docente da Universidade de Évora Luís Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, realçou a importância da descoberta para a geologia.

O geólogo Galopim da Carvalho, que já visitou o local, fez chegar uma mensagem na qual declarou que o achado, embora sem a monumentalidade da jazida da Pedreira do Galinha, “é mais um elemento importante a acrescentar ao já notável património geológico e paleontológico do PNSAC”, e manifestou-se convicto de que as entidades contribuirão, à semelhança do que fizeram naquele monumento, para o “zelar e valorizar”.

Este texto foi escrito por Sílvia Reis, LUSA

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