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Estratosfera distribui o mercúrio das zonas poluentes para as mais isoladas – Estudo

A estratosfera desempenha um papel até agora inexplorado no transporte e deposição de mercúrio desde regiões de elevadas emissões do Hemisfério Norte até áreas remotas, incluindo os polos e as latitudes médias meridionais

Um estudo liderado pelo Instituto Blas Cabrera de Química-Física (IQF-CSIC) e publicado pela revista Science Advances descobriu que uma parte importante do mercúrio que entra nos ecossistemas terrestres é quimicamente ativado e transportado globalmente na estratosfera, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

Estas conclusões têm consequências substanciais para a exposição dos ecossistemas à poluição por mercúrio, com o consequente impacto na saúde humana e da vida selvagem, segundo os investigadores.

O mercúrio é um metal líquido à temperatura ambiente e a atmosfera contém vestígios no estado gasoso proveniente de fontes naturais, como a erosão do solo ou erupções vulcânicas, e de processos industriais.

Este mercúrio metálico atmosférico é transformado, através de reações de oxidação não totalmente conhecidas, para finalmente ser rapidamente depositado em mares e continentes distantes das zonas onde o metal original foi emitido.

O processo de deposição superficial inicia novas reações químicas, nas quais aparecem ocasionalmente produtos muito tóxicos.

Até agora, acreditava-se que tanto a reação química como o transporte global do mercúrio ocorriam na troposfera, a camada inferior da atmosfera em contacto com a superfície.

No entanto, o estudo revela que quase um terço do mercúrio que entra no ecossistema terrestre reagiu na estratosfera (12 a 40 quilómetros de altura), devido às características únicas do ambiente fotoquímico daquela camada, que aceleram os processos de oxidação desse metal.

A circulação do ar na estratosfera funciona como “uma correia transportadora global”, na qual grandes quantidades de mercúrio gasoso são transportadas de zonas intensamente poluídas para os locais mais isolados e remotos, como as regiões polares.

A investigação prevê ainda que as alterações climáticas aumentem o transporte estratosférico de mercúrio, realçou o Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), em comunicado.

Este estudo estabeleceu, pela primeira vez, um modelo completo do ciclo do mercúrio na Terra, destacou Alfonso Sáiz-López, do IQF-CSIC e líder da investigação.

Desta forma foi possível identificar o processo completo de transporte e reação de e para a estratosfera do mercúrio gasoso, que regressa à superfície terrestre sob a forma de sais solúveis que se depositam nos locais mais remotos, como o Ártico e a Antártida, não só hoje, mas também no passado pré-industrial e num futuro previsível de alterações climáticas.

Existe agora, de acordo com Sáiz-López, “uma interpretação da diferença observada na concentração atmosférica de mercúrio entre os hemisférios norte e sul do planeta, uma vez que até agora não estava de acordo com a distribuição das emissões industriais, que são muito superiores no hemisfério norte”.

O mercúrio gasoso atinge as camadas mais altas da atmosfera a partir da superfície terrestre através da movimentação de grandes massas de ar, principalmente nos trópicos, mecanismos físicos de notável complexidade, mas que podem ser simulados detalhadamente através de modelos climáticos.

Quando as reações químicas descritas são incluídas no modelo climático, obtém-se um modelo numérico do chamado ciclo geoquímico do mercúrio, que pela primeira vez inclui as novas reações químicas e fotoquímicas do metal que podem ocorrer na estratosfera”, indicou Carlos Cuevas, investigador do IQF-CSIC.

Texto LUSA

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