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Estudo global revela que falta de medicamentos podem tornar-se um problema sistémico para milhões de pessoas

Um estudo internacional, liderado pela Universidade de Oxford e publicado na The Lancet Public Health, revelou que as faltas de medicamentos estão a tornar-se um problema sistémico com impacto direto na saúde de milhões de pacientes e no funcionamento dos sistemas de saúde, sobretudo na Europa e na América do Norte.

As falhas no abastecimento de fármacos não são apenas um incómodo temporário: podem provocar atrasos nos tratamentos, obrigar à prescrição de alternativas menos eficazes ou até impedir que os doentes recebam os cuidados de que necessitam. As consequências incluem agravamento de doenças, complicações adicionais e custos acrescidos para os sistemas de saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou as faltas de medicamentos como um desafio global urgente, enquanto a Agência Europeia do Medicamento (EMA) mantém um registo atualizado dos fármacos em falta.

A maior análise de sempre sobre faltas de medicamentos

A investigação, conduzida por uma equipa internacional coordenada pelo Nuffield Department of Orthopaedics, Rheumatology and Musculoskeletal Sciences (NDORMS), analisou dados reais de saúde de mais de 600 milhões de pessoas, em 52 bases de dados de larga escala. Foram monitorizados 57 medicamentos, incluindo antibióticos, tratamentos oncológicos e terapias para doenças crónicas.

Segundo a investigadora principal, Marta Pineda-Moncusí, “monitorizar as faltas de medicamentos é essencial para avaliar e mitigar o seu impacto nos cuidados de saúde. Quisemos perceber até que ponto estas faltas resultam em quebras no uso de medicamentos ou em mudanças nos padrões de prescrição”.

Principais conclusões do estudo

  • As faltas estiveram associadas a quebras abruptas no consumo de alguns medicamentos, em certos casos superiores a 30%.
  • Fármacos de uso comum, como a amoxicilina (antibiótico) e a vareniclina (utilizada no tratamento do tabagismo), registaram fortes quebras de disponibilidade.
  • Alguns medicamentos mudaram de utilização durante períodos de escassez, como o sarilumab, originalmente indicado para a artrite, que foi redirecionado para doentes com COVID-19.
  • Em algumas situações, surgiram alternativas — por exemplo, terapias de substituição de nicotina compensaram parcialmente a falta de vareniclina —, mas muitas vezes não existiam substitutos eficazes, levantando sérias preocupações sobre a segurança dos pacientes.

O estudo beneficiou do trabalho da rede europeia EHDEN, que integra mais de 200 fontes de dados de 29 países, permitindo uma análise padronizada e comparável em larga escala.

Para Peter Rijnbeek, coordenador do projeto EHDEN, esta investigação demonstra “como a normalização de dados pode gerar evidência em escala sem precedentes” e abrir caminho a novas soluções para melhorar os cuidados de saúde.

Um problema global que exige ação coordenada

Os investigadores alertam que as cadeias de abastecimento de medicamentos são globais, o que significa que uma falha num país pode rapidamente repercutir-se noutros. “O impacto para os doentes pode ser devastador. O recurso a dados de larga escala pode ajudar a identificar problemas mais cedo, orientar políticas de previsão da procura, incentivar alternativas seguras e fortalecer as cadeias de fornecimento”, sublinha Pineda-Moncusí.

Com a procura global de medicamentos em constante crescimento e a pressão sobre os sistemas de saúde a aumentar, os especialistas defendem uma resposta coordenada entre países, reguladores e indústria farmacêutica para garantir que os doentes mais vulneráveis não ficam sem acesso aos tratamentos de que necessitam.

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