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Estudo mostra impacto das estradas na mortalidade das abelhas: como proteger os polinizadores?

Cada vez mais quando se viaja o parachoques e os para-brisas ficam repletos de insetos. As abelhas também são apanhadas. Por cá, o problema é menor

Quando um mamífero de grande porte, como um veado ou um alce, é atingido por um veículo motorizado, os danos são geralmente dramáticos. Para reduzir estes acontecimentos infelizes, os responsáveis pelos transportes associaram-se a investigadores da vida selvagem para colocar sinais de aviso e construir passagens subterrâneas e passagens superiores para a vida selvagem, para atenuar os acidentes ao longo dos percursos de migração dos animais.

Em contraste, as colisões com abelhas muito mais pequenas passam muitas vezes despercebidas ou são vistas pelos automobilistas como um simples e incómodo salpico no para-brisas. O significado, argumenta Joseph Wilson, ecologista evolutivo e professor do Departamento de Biologia da Universidade do Estado do Utah, porém é muito maior.

“As abelhas desempenham um papel fundamental no nosso ecossistema. As consequências das suas frequentes colisões com veículos vão muito além de um pequeno incómodo da viagem. O impacto da morte das abelhas, que ocorre minuto a minuto todos os dias, pode ser mais negativo do que imaginamos”.

Um novo estudo realizado por Joseph Wilson e pelos seus colegas sugere que dezenas de milhões de abelhas podem morrer todos os dias quando os automobilistas percorrem as auto-estradas movimentadas do oeste dos Estados Unidos. Ele e os ex-alunos da USU Thomas Porter e Olivia Messinger Carril relatam descobertas preliminares na edição online da Sustainable Environment.

“Ao contrário das colisões com animais maiores que são fáceis de medir, é muito mais difícil detetar a extensão da mortalidade das abelhas causada por veículos em movimento”, compara o investigador.

No entanto, a equipa utilizou armadilhas adesivas fixadas nos para-choques dos automóveis e extrapolou os dados com base nas estatísticas do Departamento de Transportes. Joseph Wilson afirma que o grande número estimado de abelhas atingidas foi preocupante.

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Freepik

Porque é que a mortalidade das abelhas ao longo das estradas é tão elevada?

“As bermas das estradas, especialmente em paisagens áridas, têm mais plantas com flores devido ao escoamento da água das estradas”, explica o ecologista. No deserto, estas comunidades de plantas das bermas das estradas albergam diversas comunidades de abelhas. Além disso, os resultados da equipa revelam que as estradas com as estimativas mais elevadas de mortalidade destes insetos estão frequentemente próximas de parques nacionais, onde as visitas dispararam com um fluxo constante de veículos motorizados.

“A qualidade do habitat à beira da estrada, no entanto, determina se os insetos permanecem ao longo da estrada ou se decidem atravessá-la, à procura de melhores locais para forragear”, afirma.

Uma maior consciencialização da importância das abelhas, bem como um número crescente de estudos que sugerem que algumas comunidades de abelhas estão em declínio, levaram os gestores públicos e as organizações privadas a incentivar a plantação de plantas ao longo das estradas e nos canteiros centrais.

“Esta pode não ser a melhor solução em todas as áreas, se essas plantações encorajarem os insetos a atravessar as estradas para aceder a esses recursos”, considera o investigador.

Um enigma desafiante… então, como criar um habitat amigo das abelhas, sem as pôr ainda mais em perigo?

“Levantámos muitas questões. É necessária mais investigação para compreender melhor de que forma as estradas e os habitats à beira da estrada estão a afetar o movimento dos insetos, bem como a forma como a conceção e manutenção das estradas, bem como a circulação dos veículos, podem ser menos prejudiciais para estes polinizadores.”

E nem tudo são más notícias, diz ele.

“Alguns estudos mostram que um habitat saudável à beira da estrada facilita o movimento dos polinizadores ao longo da estrada. Assim, com alguma sensibilização, as paisagens podem ser restauradas ao longo das bermas para apoiar as comunidades de polinizadores reduzindo a necessidade de as atravessar”

Ainda assim, a modificação, a fragmentação e a perda de habitat estão a afetar gravemente as populações de polinizadores

“As abelhas são espécies-chave que apoiam a diversidade e a reprodução das plantas”, afirma Wilson. “Compreender como podemos apoiar os polinizadores à escala da paisagem é um passo importante para a proteção destes importantes insetos.”

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