Investigadores britânicos anunciaram a descoberta de um fóssil raro em Devon, Reino Unido, que pode representar o mais antigo exemplo conhecido do grupo de répteis ao qual pertencem as lagartixas, as serpentes e o enigmático tuatara da Nova Zelândia. O achado, descrito esta semana na revista científica Nature, remonta a cerca de 244 a 241,5 milhões de anos, durante o Triásico Médio.
Os lepidosauria são hoje o grupo de vertebrados terrestres mais diversificado, englobando mais de 12 mil espécies de lagartos e serpentes (Squamata), assim como a única espécie sobrevivente dos rincocefálios: o tuatara. Apesar de aparentados, estes animais apresentam diferenças marcantes no crânio. Enquanto os squamatas têm um crânio móvel com a barra temporal inferior aberta, o tuatara apresenta uma estrutura mais rígida e fechada, levantando dúvidas sobre como seria o ancestral comum deste grupo.
O novo fóssil, encontrado na Formação de Arenito de Helsby, em Devon, é cerca de 3 a 7 milhões de anos mais antigo do que os exemplares anteriormente conhecidos. O crânio e o esqueleto, descritos pela equipa liderada por Michael Benton, revelam uma combinação invulgar de características: um crânio não móvel mas com a barra temporal inferior aberta, dentes cónicos e afiados, e grandes órbitas oculares.
Segundo os investigadores, estas adaptações sugerem que o pequeno réptil se alimentava de insectos ágeis, como baratas e gafanhotos. A sua mandíbula, capaz de uma abertura considerável, permitia-lhe aplicar uma mordida poderosa, segurar presas em movimento e triturá-las antes de engolir.
Esta descoberta não só antecipa a origem conhecida dos lepidosauria como também oferece novas pistas sobre a evolução dos répteis que hoje dominam muitos ecossistemas terrestres. Para a ciência, trata-se de um passo importante na reconstrução da árvore evolutiva de um dos grupos mais diversificados e bem-sucedidos do planeta.
