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Genes do salmão desvendam segredos da puberdade e da evolução

Os investigadores descobriram que o gene, conhecido como vgll3, actua como um regulador principal, controlando milhares de outros genes envolvidos em vários aspetos da sua maturação sexual, além disso, as barragens hidroelétricas podem afetar a sua maturação

“Imagine um único interrutor que determina se a puberdade começa aos 13 ou aos 20 anos nos humanos. O Vgll3 desempenha um papel semelhante no salmão, influenciando caraterísticas como a altura em que as células reprodutoras começam a desenvolver-se, os padrões de crescimento e as alterações comportamentais. Os nossos resultados explicam como a variação genética num único gene pode ter efeitos tão dramáticos em caraterísticas muito complexas e multifacetadas como a puberdade ou a idade de maturação”, explica Jukka-Pekka Verta, professor assistente na Universidade Nord, na Noruega, e que realizou este estudo como parte da sua investigação de pós-doutoramento na Universidade de Helsínquia.

Esta descoberta não só explica como evoluem e variam caraterísticas complexas como o início da puberdade, mas também realça um processo chamado “pleiotropia”, em que um gene afcta múltiplas caraterísticas, tal como um maestro de uma orquestra.

O gene Vgll3 está envolvido no controlo do momento da puberdade nos humanos, mas tem uma influência muito menor. O mesmo gene tem um efeito muito maior, e é uma espécie de interrutor, numa doença de pele autoimune nos seres humanos; o lúpus e é muito mais comum nas mulheres do que nos homens.

vladvictoria
Foto:Pixabay@Vladvictoria

As barragens hidroelétricas podem afetar a maturação do salmão

As descobertas têm implicações de grande alcance, particularmente para a compreensão das rápidas mudanças evolutivas nas populações de salmão afetadas por actividades humanas, como o desenvolvimento de barragens hidroelétricas.

Como o salmão é uma espécie migratória, necessita de um trajeto claro entre os seus locais de reprodução no rio e as suas áreas de alimentação no oceano. Muitas barragens hidroelétricas não têm escadas de peixe funcionais, o que pode bloquear todas as áreas de reprodução acima da barragem.

“Se as áreas de reprodução abaixo da barragem só forem adequadas, por exemplo, para salmões mais pequenos, pode haver uma seleção natural muito forte contra a ‘variante vgll3 de maturação tardia’, que é um meio de a população de salmões se adaptar às condições alteradas, mas isso também reduz a diversidade da população, o que pode ter consequências negativas a longo prazo. Agora compreendemos melhor que outros genes e processos podem ser afectados por essas alterações”, descreve o Craig Primmer da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade de Helsínquia.

Ao alterar a frequência de certas variantes do vgll3, a seleção natural pode provocar alterações significativas em caraterísticas como o tamanho, o número de ovos e o comportamento. Esta investigação sublinha a importância dos estudos evolutivos fundamentais na gestão das populações selvagens e na previsão do impacto das alterações ambientais nos ecossistemas.

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