A Greenpeace apresentou uma queixa à Comissão Europeia contra a Eslováquia, acusada de realizar “um abate ilegal” de ursos numa área perto da fronteira polaca, anunciou hoje a organização de defesa do ambiente.
O Governo eslovaco aprovou a matança de 350 ursos na primavera e a Agência Nacional para a Conservação da Natureza anunciou hoje que foram mortos 201, até outubro.
A Greenpeace “apresentou uma queixa à representação permanente da Comissão Europeia em Varsóvia (…) contra o Governo eslovaco, porque estes abates de ursos ocorrem muito perto da fronteira com a Polónia”, onde este animal é estritamente protegido, disse hoje Katarzyna Bilewska, porta-voz da organização na Polónia, à agência France-Presse (AFP).
Os ursos “atravessam muitas vezes a fronteira”, referiu.
“A decisão do Governo eslovaco de proceder a um abate em massa de ursos viola a lei e ameaça a população desta espécie que vive na Polónia”, que conta com cerca de 130 espécimes, segundo Aleksandra Wiktor, ativista da Greenpeace Polónia.
A Polónia pediu oficialmente à Eslováquia que se abstenha de matar ursos pelo menos dentro de uma zona fronteiriça de 30 quilómetros.
O secretário de Estado do Ambiente da Eslováquia afirmou hoje, numa conferência de imprensa, que “apenas dois” ursos “foram eliminados na zona fronteiriça com a Polónia nos últimos meses”.
A Eslováquia é obrigada a seguir uma diretiva da União Europeia (UE) que permite a morte de ursos apenas quando estes causem danos materiais ou ameacem pessoas, e só se outra solução não for aplicável.
O Governo eslovaco diz respeitar este quadro e recorda que foram registados cerca de 20 ataques desde o início do ano, causando vários feridos.
A Eslováquia tem entre mil e 1.275 ursos, segundo dados oficiais.
No ano passado, 92 ursos foram mortos neste país membro da UE, que tem uma população de 5,4 milhões de habitantes.
Também a Roménia deu hoje luz verde à matança de ursos que tenham “perdido o seu caráter selvagem” e não evitem o contacto com humanos, ao mesmo tempo que introduziu multas entre 2.000 e 6.000 euros para quem alimentar estes animais.
O anúncio foi feito pela ministra do Ambiente romena, Diana Buzoianu, numa conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros ter aprovado várias medidas, por decreto de emergência, para reduzir o número de mortes humanas causadas por ataques de ursos e outros problemas decorrentes da crescente proximidade destes animais a zonas povoadas.
Desde 2004, 27 pessoas foram mortas e mais de 250 ficaram feridas, por ataques de ursos, de acordo com dados oficiais.
“É um problema que a Roménia enfrenta há anos. Estamos a tentar encontrar uma solução equilibrada” entre a proteção da biodiversidade e a segurança dos cidadãos, disse a ministra.
Além disso, embora o urso pardo seja mantido como uma espécie protegida, é permitido o abate imediato de ursos que entrem em áreas urbanizadas e sejam considerados um perigo para a vida das pessoas.
“Apenas serão extraídos os espécimes com comportamento desviante, que perderam o seu caráter selvagem, não estão habituados a obter o seu alimento na natureza, mas sim de localidades, ocasião em que muitas vezes se tornam agressivos, atacando pessoas e animais domésticos”, lê-se no decreto.
Os novos regulamentos vêm juntar-se a outros adotados em anos anteriores, como a instalação de vedações elétricas.
No ano passado, Bucareste pediu à Comissão Europeia que reavaliasse o estatuto de proteção desta espécie e aprovou o abate de 426 espécimes por ano para 2024 e 2025, além de outros 55 em defesa direta da vida humana, especificados como “casos de emergência”.
Para muitos, a proteção do urso pardo levou a um crescimento excessivo desta população, até cerca de 12.000 exemplares, o triplo do que o Governo considera ideal para o país.
As autoridades romenas aguardam os resultados de um novo estudo sobre a dimensão da população atual de ursos no país, com base em testes de ADN recolhidos nos últimos dois anos.
LUSA


