Novo diretor geral da LHH-DBM Portugal, Pedro Rocha e Silva, comenta conclusões de estudo internacional que mostra o que está a mudar em termos de despedimentos e guerra pelo talento
Numa altura em que o potencial da inteligência artificial (IA) para transformar o mundo do trabalho domina o discurso empresarial, o mais recente estudo internacional da consultora em recursos humanos LHH mostra que 73% das empresas já estão a realizar ou a considerar alterações à sua estrutura de recursos humanos.
A IA continua a dividir opiniões. Se há quem diga que já estamos no meio de uma onda de despedimentos, outros apontam para o potencial da tecnologia para ser um criador líquido de emprego. Certo é que a própria natureza do trabalho está destinada a mudar significativamente em várias funções
O estudo da LHH, denominado “Outplacement and Career Mobility Trends Report 2024” inquiriu mais de 3 mil líderes de recursos humanos e 8 mil trabalhadores de colarinho branco em nove países – quatro dos quais fora da Europa: Estados Unidos, Canadá, Austrália e Brasil.
As principais conclusões mostram que 36% dos trabalhadores continuam preocupados com a possibilidade de serem despedidos, enquanto 31% consideram mudar de emprego nos próximos 12 meses. A estes, juntam-se mais 26% que declararam que estão a considerar fazê-lo num prazo mais alargado. Já do lado dos responsáveis de recursos humanos, 25% mostram-se preocupados com o esgotamento das equipas de trabalho em resultado dos despedimentos.
Pedro Rocha e Silva, recém-nomeado managing director da LHH-DBM Portugal, destaca outra das principais conclusões deste estudo global: a necessidade de haver melhor comunicação e apoios necessários para os colaboradores que estão de saída.
“Tomar medidas para garantir que os colaboradores despedidos estão bem familiarizados com os apoios disponíveis é essencial para manter o seu foco na necessidade de procurar uma nova saída profissional”, explica o gestor. E acrescenta: “Isso garante goodwill à empresa e mostra aos colaboradores que existe uma preocupação da empresa em fazer o que entende correto, mesmo em condições difíceis”.
Criar as melhores condições possíveis para que as pessoas possam reenquadrar-se no mercado de trabalho, deverá ser, na opinião de Pedro Rocha e Silva, “mais do que um ato de reconhecimento ou agradecimento, ou uma ação de responsabilidade social, deverá ser o evidenciar de uma forte crença que essas práticas sustentadas trazem efetivos benefícios à organização, nomeadamente a nível do seu clima social e capacidade de atração e retenção”. Como reforça, “estas práticas passam uma forte mensagem não só aos envolvidos como igualmente aos que ficam!”.
Trabalho flexível veio para ficar
Analisando o mercado de trabalho pela perspetiva dos trabalhadores inquiridos, 50% continua a referir-se especificamente às “opções de trabalho flexíveis” como uma boa razão para permanecer na empresa.
Ou seja, por mais difícil que tenha sido o confinamento durante a pandemia, muitos colaboradores aceitaram a flexibilidade proporcionada pelo trabalho à distância. “Os trabalhadores são pessoas com responsabilidades e interesses diversos. Reconhecer este facto e dar-lhes espaço para se dedicarem a eles demonstra empatia e confiança”, afirma Pedro Rocha e Silva.
O estudo internacional da LHH mostra que as opções de trabalho flexíveis estão hoje fora das cinco principais estratégias de retenção de trabalhadores por parte da gestão da empresas – as prioridades vão para os mais tradicionais pacotes de benefícios, programas de formação, ou programas de recompensa e reconhecimento, entre outros. “Aconselhamos os empregadores que pretendem reter os seus melhores talentos a incluírem o trabalho flexível nas suas estratégias de retenção”, alerta Pedro Rocha e Silva.
Da gestão de pessoas ao outplacement
Com mais de 30 anos de experiência profissional, Pedro Rocha e Silva assumiu em setembro a direção geral da LHH-DBM Portugal, consultora especializada em outplacement (serviços de transição de carreira), gestão da mudança e desenvolvimento de lideranças.
Formado em Gestão pelo Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, e com certificação PADE (Programa de Alta Direção de Empresas) da AESE Business School, o gestor esteve oito anos na liderança da Neves de Almeida HR Consulting, antes de entrar numa área de consultoria mais especializada: o outplacement.
Iniciou a sua carreira na Andersen Consulting (atualmente Accenture), tendo-se mais tarde especializado nas áreas de gestão de pessoas, tendo estado na Willis Towers Watson e na Heidrick & Struggles. Assumiu igualmente funções de gestão de recursos humanos durante seis anos na antiga Portugal Telecom.
“O outplacement existe em Portugal há mais de 30 anos, introduzido pela marca DBM, mas ainda há um forte espaço de crescimento deste segmento. A nossa prioridade continuará centrada em apoiar empresas em momentos de mudança, desenhando programas adequados aos seus profissionais em transição de carreira. O objetivo último será sempre colocar o outplacement como uma prática transversal ao mercado”, conclui Pedro Rocha e Silva.