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Investimento de 6 milhões de euros para criar um Museu da Floresta na Marinha Grande

“Isto não é um custo, isto é um investimento. Portugal precisa de um Museu Nacional da Floresta. Temos museus de quase tudo em Portugal e temos tanta floresta e não temos um Museu Nacional da Floresta”, afirmou à agência Lusa Aurélio Ferreira

A Câmara da Marinha Grande prevê um investimento de seis milhões de euros para executar o plano estratégico para instalar o Museu Nacional da Floresta no concelho, disse hoje o presidente do município

“Isto não é um custo, isto é um investimento. Portugal precisa de um Museu Nacional da Floresta. Temos museus de quase tudo em Portugal e temos tanta floresta e não temos um Museu Nacional da Floresta”, afirmou à agência Lusa Aurélio Ferreira.

O plano estratégico do museu, a instalar no Parque do Engenho, foi apresentado na segunda-feira em reunião do executivo municipal.

O conteúdo expositivo inclui três áreas, denominadas “As florestas globais”, “A floresta portuguesa” e “O Pinhal do Rei”, também conhecido por Mata Nacional de Leiria ou Pinhal de Leiria.

O plano contempla também áreas de visitação exteriores ao Parque do Engenho, como por exemplo a Fábrica de Resinagem, casas da guarda, pontos de vigia, árvores notáveis, ribeiro de Moel, viveiro florestal do Tremelgo, Samouco, a arriba fóssil nas Pedras Negras ou o ecossistema dunar da Praia Velha.

Aurélio Ferreira adiantou que, tratando-se de um museu nacional, tem de ser muito mais abrangente e englobar outros polos relacionados com a floresta.

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Marinha Grande. Foto:Vítor Oliveira

Através do documento elenca-se, entre outros, o Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova, a Xiloteca do Palácio Calheta, no Jardim Botânico Tropical, em Lisboa, o Museu Botânico do Instituto Politécnico de Beja e o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

O presidente do município esclareceu que, além destes núcleos, podem surgir outros onde houver floresta, apontando Pedrógão Grande, que “tem uma floresta grande e também tem uma história recente com alguma dificuldade”, numa alusão aos incêndios de 2017, ano em que também os fogos atingiram o Pinhal de Leiria.

“Não é possível falar da história do Pinhal do Rei sem falar dos incêndios, o último e o mais grave e o maior de todos foi o de 2017, mas na história do Pinhal do Rei há outros incêndios”, declarou o autarca, admitindo natural a abordagem aos fogos, “até para relembrar a importância que tem o ordenamento do território daquele pinhal”.

Além da componente museológica, o plano estratégico contempla no Parque do Engenho um jardim e um hotel.

Aurélio Ferreira explicou que o parque tem edifícios ainda em bom estado de conservação, ao contrário de outros, que estão degradados, notando que o espaço está abandonado há muito tempo.

Entre a reabilitação de imóveis e a construção de novos espaços, o plano estratégico contempla duas fases, a primeira a concluir no final de 2026, de cerca de três milhões de euros, e a segunda e última, de igual valor, para o Museu Nacional da Floresta estar pronto até 2030.

O documento foi, há uma semana, dado a conhecer ao secretário de Estado do Turismo, ao presidente do Turismo de Portugal e aos administradores da Turismo Fundos (agora Fomento), que gerem o Fundo Revive Natureza, divulgou aquela autarquia do distrito de Leiria.

O Parque do Engenho integra o Fundo Revive Natureza, que visa requalificar e valorizar imóveis públicos devolutos. Este fundo é gerido pela Turismo Fundos e participado pelo Estado Português, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Turismo de Portugal, de acordo com o sítio na Internet da Fomento – Fundos de Investimento Imobiliário SGOIC, SA.

Ainda de acordo com a mesma fonte, o Parque do Engenho, com vários edifícios de diferentes composições, tem uma área de 27.400 metros quadrados.

“Agora falta saber se o Fomento concorda com este plano e se o Parque do Engenho pode ser dividido entre o museu e a unidade hoteleira, esta a concessionar pelo Fundo Revive”, destacou o presidente da Câmara, considerando haver uma vontade transversal para concretizar o investimento e encontrar financiamento.

Para a autarquia, a consolidação desta vontade foi recentemente reforçada com a aprovação como objetivo prioritário no Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro, “bem como em todos os quadrantes políticos com assento na Assembleia da República e na Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria”.

A criação do museu no Parque do Engenho é um desígnio que remonta a 1872, quando o então administrador geral das Mattas do Reino, Ernesto de Faria, determinou a criação do Museu Florestal, na Marinha Grande, anunciou o município.

Em 1999, o museu foi criado em lei, segundo a qual “tem uma estrutura polinuclear distribuída por todo o país, de acordo com a distribuição regional do espólio museológico e as características próprias de cada região florestal, estando a sua sede localizada na Marinha Grande”.

Os incêndios que deflagraram em junho de 2017 em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos a 253 populares, sete dos quais graves.

Em outubro do mesmo ano, os incêndios na região Centro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos. Mais de 80% da Mata Nacional de Leiria, que tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande, ardeu nestes fogos.

A primeira arborização da mata data do século XIII, sendo que as grandes sementeiras foram feitas no reinado de D. Dinis, segundo o ICNF.

Texto LUSA

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