O Japão vive um aumento sem precedentes no número de ataques de ursos. Pelo menos sete pessoas morreram desde abril e mais de 100 ficaram feridas, segundo o Ministério do Meio Ambiente japonês (MOE). Trata-se do maior número de mortes desde 2006, ano em que o governo começou a registar oficialmente este tipo de incidentes.
De acordo com o relatório oficial (Número de danos humanos causados por ursos – valores provisórios), publicado pelo MOE e disponível no seu site oficial (env.go.jp), os ataques aumentaram de forma significativa em várias regiões, especialmente nas províncias do norte e nordeste do país.
Segundo o jornal Taipei Times, o número de feridos entre abril e setembro de 2025 ultrapassou as 100 pessoas, superando os 80 casos registados no ano anterior.
Ataques recentes alarmam autoridades
Na semana passada, um urso adulto invadiu um supermercado na cidade de Numata, na província de Gunma, onde feriu duas pessoas. O incidente foi noticiado pela NBC News, que também relatou o caso de um turista espanhol atacado num ponto de autocarro em Shirakawago, na província de Gifu.
Medidas governamentais e controlo populacional
De acordo com o The Japan Times, o governo japonês vai reforçar o financiamento destinado às prefeituras mais afetadas, para instalar cercas elétricas, implementar medidas de recolha de lixo e treinar equipas de resposta rápida.
Ainda segundo a mesma fonte as leis de proteção da vida selvagem foram revistas, permitindo que atiradores licenciados abatam ursos que invadam áreas residenciais em situações de emergência.
Em julho, o Ministério do Meio Ambiente publicou novas diretrizes sobre o uso de armas de fogo em zonas urbanas, que preveem a coordenação entre autoridades locais, polícia e caçadores. As informações foram confirmadas pelo portal Nippon.com (nippon.com).
Fatores: despovoamento rural e alterações climática
Segundo o Taipei Times, especialistas acreditam que o aumento dos ataques está ligado a uma combinação de fatores, incluindo o crescimento populacional dos ursos, o abandono das áreas rurais e as alterações climáticas, que afetam a disponibilidade de alimento e os ciclos de hibernação. Para o jornal britânico The Times, a falta de bolotas e castanhas nas florestas tem levado os ursos a procurar comida nas cidades. O mesmo meio refere que as autoridades japonesas recorreram até a disparos de fogo de artifício e barreiras sonoras para tentar afastar os animais.
Um especialista da Universidade de Hokkaido, citado pela revista People, explicou que “os ursos estão a perder o medo dos humanos ao encontrarem lixo ou plantações acessíveis perto das zonas urbanas”.
Primeiro estado de emergência por ursos
De acordo com o New York Post, em julho deste ano uma localidade na ilha de Hokkaido declarou o primeiro “estado de emergência por ursos” da história do Japão, após múltiplos ataques mortais e dezenas de avistamentos em áreas residenciais.
O Ministério do Meio Ambiente afirmou em comunicado que continuará a “trabalhar para evitar ferimentos humanos trágicos, fortalecendo o controlo populacional dos ursos” e a apoiar as autoridades locais na implementação das novas medidas de segurança.
População em alerta
Com a aproximação do inverno — período em que os ursos se tornam mais ativos na busca por alimento antes da hibernação —, o governo japonês mantém o alerta máximo. Segundo o MOE, a população deve evitar entrar em áreas montanhosas e florestais, especialmente durante o amanhecer e o entardecer, e armazenar corretamente o lixo doméstico para não atrair os animais.
Fontes:
Ministério do Meio Ambiente do Japão (env.go.jp); NBC News; The Japan Times; Taipei Times; Nippon.com; People.com; The Times; New York Post.


