Com quase dois séculos de “vida”, este zoológico em Janeiro cumpre sempre o inventário anual. Uma árdua, mas também divertida tarefa que envolve a contagem de todas as criaturas com pelo, penas e escamas que ali habita
Têm mais de 400 espécies diferentes, desde tartarugas gigantes das Galápagos, leões asiáticos a salamandras gigantes chinesas em perigo crítico de extinção e tigres de Sumatra — todas registadas como parte do requisito da licença anual do Jardim Zoológico.
Os tratadores do Jardim Zoológico de Londres prepararam as suas pranchetas, calculadoras e habilidades de contagem, enquanto os animais se organizam para o evento. Segundo o site do ZOO entre os animais contados há a colónia de 65 pinguins de Humboldt, incluindo cinco recém-chegados que, na primavera, formarão novos pares reprodutores importantes para o programa europeu de reprodução destinado a conservar esta espécie vulnerável.
Como se lê no site desta instituição, no início de 2024, o grupo de gorilas das planícies ocidentais do Jardim Zoológico de Londres, em perigo crítico de extinção, deu as boas-vindas ao nascimento de dois gorilas bebés — Juno e Venus — marcando um enorme sucesso de conservação no seu apoio aos números da população global. Quando os tratadores iniciaram os requisitos formais de contagem dos primatas, os dois jovens gorilas foram transportados às costas das suas mães, Mjukuu e Effie.
O ano de 2024 foi também marcado por importantes acréscimos ao Programa Europeu de Reprodução de leões asiáticos, com o nascimento de três crias – Mali, Syanii e Shanti; um enorme êxito em termos de conservação desta espécie ameaçada que, em estado selvagem, se encontra atualmente apenas na floresta de Gir, em Gujarat.
No site do jardim zoológico de Londres pode ler-se ainda que neste outono, 53 pequenas rãs de Darwin, evolutivamente distintas e globalmente ameaçadas (EDGE), foram trazidas do Chile para o jardim zoológico de conservação, no âmbito de um esforço para salvar a espécie de um fungo mortal. A chegada de sanguessugas medicinais adultas nativas do Reino Unido deu início a um programa de reprodução para salvar esta espécie altamente vulnerável, enquanto os tratadores tiveram o prazer de receber Mzimu, um okapi macho, para formar um novo par reprodutor com a okapi fêmea Oni.
Num comunicado da APF e divulgado num artigo da Phys Org também mencionaram a criação de pombas Socorro atualmente já extintas da natureza. A mesma fonte revela ainda que os oito lêmures de cauda anelada já em vias de extinção, oriundos das florestas secas e dos matagais de Madagáscar — devido às temperaturas matinais rondarem os zero graus Celsius terem demorado um pouco mais a sair das suas cabines aquecidas. Compreensível, claro!
Embora a contagem de grandes mamíferos seja uma tarefa relativamente simples, a diversidade de invertebrados também tem de ser feita, incluindo uma nova e próspera colmeia de abelhas melíferas, que são facilmente contadas como uma só para evitar a numeração de dezenas de abelhas em movimento.
A contagem anual de animais leva quase uma semana a ser concluída e a informação é partilhada com outros jardins zoológicos de todo o mundo através de uma base de dados chamada ZIMS Species360, onde é utilizada para ajudar a gerir os programas mundiais de conservação e reprodução de animais ameaçados de extinção.
O jardim zoológico de Londres faz parte da ZSL, uma instituição de caridade de conservação orientada para a ciência, que trabalha para proteger e restaurar a vida selvagem no Reino Unido e em todo o mundo. Proporcionando um lar a espécies extintas na natureza, incluindo caracóis de árvores tropicais e pombas raras, “contribuímos para a conservação destas e de centenas de outras espécies ameaçadas através da investigação veterinária, de conhecimentos especializados de nível mundial em cuidados com animais e de programas de reprodução de conservação”, explicam também no site.