Investigadores revelaram a primeira estimativa populacional abrangente de leões, leopardos e hienas-malhadas a viver no Uganda, em quase duas décadas
O número de leões no país está num nível crítico, enquanto as hienas estão adaptadas em quatro grandes áreas protegidas do Uganda, de acordo com os resultados de uma nova pesquisa coliderada pela Universidade Griffith, Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul (China) e Universidade do Norte do Arizona. Os leopardos também sobrevivem na maior parte do país
Realizado em seis grandes áreas protegidas – incluindo Murchison Falls, de 4.000 km2, e a Área de Conservação Queen Elizabeth, de 2.400 km2 – este estudo inovador foi um feito de uma forma colaborativa envolvendo mais de 100 partes interessadas na conservação.
O uso de métodos avançados de captura e recaptura espacial estabeleceu um novo padrão para a monitorização da vida selvagem em África. As descobertas já estão a influenciar a política de conservação e serviram como base para o novo Plano de Ação Estratégica de Uganda para a Conservação de Grandes Carnívoros (2023-2033).
Os leões estão em declínio na maioria das áreas protegidas, enquanto as hienas mostram resiliência. O estudo mostrou que as populações de leões nos Parques Nacionais Queen Elizabeth e Kidepo Valley estavam criticamente baixas, com menos de 40 e 20 indivíduos restantes, respetivamente.
Em contraste, as populações de hienas-malhadas parecem estar bem, com a população do Parque Nacional Murchison Falls a deter a maior densidade registrada em África até o momento, com 45 indivíduos por 100 km².
Os números radicalmente diferentes de hienas demonstrando resiliência podem ser indicativos de um desequilíbrio trófico.
“Podemos estar a ver o número de hienas a aumentar à medida que as populações de leões diminuem”, disse Braczkowski. “No entanto, em lugares como Murchison Falls, observámos altas densidades de todas as três espécies: leões, hienas e leopardos.”
O estudo identificou o Parque Nacional Murchison Falls (a maior área protegida do Uganda) como uma área vital para a conservação dos leões. Talvez o seu último reduto.
A região apresentou altas densidades de leões (sete leões por 100 km²) e uma abundância de 240 indivíduos numa área de amostragem de 3.233 km², em comparação com Queen Elizabeth e Kidepo Valley, apesar das pressões significativas da caça ilegal com armadilhas de arame e da exploração de petróleo, tornando-a uma área de conservação prioritária crítica no país.
Leopardos sobrevivem na maior parte do país
Embora as densidades de leopardos tenham variado, Murchison Falls registrou algumas das mais altas de África, com 14 indivíduos por 100 km², a mais elevada registrada até o momento. Semelhante às populações de leões dos parques nacionais, é altamente provável que os esforços anti-caça furtiva do governo e de várias organizações não governamentais (incluindo a Uganda Conservation Foundation, Snares to Wares e ICON) estivessem a impedir as baixas densidades observadas em outras partes do país.
Colaboração e treino são essenciais para um esforço tão grande
O investigador principal da Universidade Griffith, Alexander Braczkowski, disse que um dos resultados mais impressionantes da pesquisa foi que ela reuniu mais de 100 participantes de 20 ONGs e grupos de conservação diferentes, o que significa que pessoas que não tinham tido ainda a oportunidade de se envolver com ciência tiveram agora. “Esta pesquisa destaca os desafios e os sucessos da conservação dos carnívoros em Uganda”, considera Braczkowski. Braczkowski disse que os resultados soaram um alarme para os carnívoros icónicos de Uganda, cuja sobrevivência foi ameaçada pela caça ilegal, perda de habitat e conflito entre humanos e vida selvagem. A sua equipa também enfatizou o papel crítico do engajamento da comunidade no sucesso da conserv
