A Alaska Wilderness League condenou as novas medidas da administração Trump relativas à exploração de petróleo e gás no Alasca, classificando-as como um “ataque” às terras públicas e aos ecossistemas mais sensíveis do estado.
Em comunicado, a diretora executiva da organização, Kristen Miller, criticou duramente o Presidente Donald Trump por “duplicar políticas falhadas” durante a atual paralisação do governo norte-americano. “O Refúgio Árctico é a joia da coroa do nosso sistema de terras públicas”, afirmou Miller. “Ao priorizar as petrolíferas em detrimento das pessoas, o Presidente está a colocar em risco um dos ecossistemas mais significativos do planeta — o local de nascimento da manada de caribus Porcupine, habitat essencial para ursos-polares e aves migratórias, e território sagrado para o povo Gwich’in.”
As declarações seguem-se ao anúncio do secretário Doug Burgum, que confirmou o restabelecimento do plano de concessões petrolíferas no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Árctico (Arctic Refuge) e outras medidas para acelerar a industrialização de áreas naturais no Alasca.
Entre as ações anunciadas estão:
- A reabertura de toda a planície costeira do Refúgio Árctico à exploração de petróleo e gás, revertendo o programa de proteção implementado pela administração Biden;
- A reinstauração das licenças da AIDEA, a agência de desenvolvimento industrial do Alasca, que haviam sido canceladas em 2023 após revisão ambiental;
- Uma troca de terrenos para permitir a construção de uma estrada através da Izembek Wilderness, zona protegida por lei federal;
- A reemissão de licenças para o projeto da Estrada de Ambler, um corredor de 340 quilómetros que atravessa terras públicas administradas pelo Bureau of Land Management (BLM).
A Alaska Wilderness League alerta que estas decisões representam “um retrocesso perigoso” nas políticas de conservação norte-americanas. A organização recorda que o plano original de concessões, criado ao abrigo da lei fiscal de 2017, foi amplamente contestado e gerou fraco interesse por parte das petrolíferas, angariando menos de 1% das receitas previstas.
A AIDEA, principal compradora das licenças iniciais, foi também criticada por “falta de transparência” e por não possuir capacidade técnica para realizar extrações de petróleo.
Após a eleição de Joe Biden, a administração democrata suspendeu e cancelou as concessões, argumentando que o programa de Trump “violava as leis ambientais e interpretava de forma errada o mandato legislativo”. O governo Biden realizou uma nova venda de licenças em 2025 — sem qualquer licitante.
Contudo, uma decisão judicial em março deste ano obrigou à restauração temporária das licenças da AIDEA, processo que ainda decorre nos tribunais federais.
Para Kristen Miller, o novo pacote de medidas representa “um ataque frontal à proteção do Alasca” e ameaça a integridade de milhões de hectares de terras públicas. “Estas ações mostram até que ponto esta administração está disposta a ir para satisfazer os interesses da indústria petrolífera, mesmo durante uma paralisação do governo em que os cidadãos estão privados de serviços essenciais”, concluiu.


