Além desta planta demorar a crescer, algumas espécies estão em perigo de extinção e sem esta cobertura vegetal o mundo fica em apuros
O musgo passa despercebido, mas quando chega o Natal ganha lugar de relevo nas decorações, principalmente para dar um ar campestre e mais realista ao presépio. As ovelhas e os pastores ficam sempre bem em cima deste maravilhoso e fofo tapete verde. Mas esta planta não vascular pertencente ao grupo das briófitas tem um papel muito importante nos ecossistemas, daí não ser aconselhável apanhá-la. Até porque segundo o Brio-Atlas Portugal algumas espécies estão em risco de extinção e outras já estão mesmo regionalmente extintas. “De salientar que a bioflora portuguesa inclui cerca de 40% das espécies europeias e compreende quase 65% de todos os briófitos ibéricos, considerando-se assim um dos principais grupos de plantas para a manutenção da biodiversidade”.
Pode sempre decorar o presépio com folhas — há tantas caídas no chão, ramos, ervas ou, se o apanhar guarde-o de um ano para o outro secando-o, ou tente mantê-lo húmido num local bem arejado.
O musgo não tem raízes, nem caule, nem folhas. Tem estruturas semelhantes a pêlos chamadas rizóides, que lhes permite fixar-se no substrato e absorver água e minerais. São plantas pequenas e reproduzem-se por esporos. Crescem em locais húmidos e sombrios, como florestas, rochas, solos e zonas urbanas. Segundo o site Florestas “são seres milenares, datam de há 450 milhões de anos. Sobreviveram aos ciclos glaciares e às extinções em massa do planeta”.
A mesma fonte revela ainda que “alguns musgos sobrevivem em desertos e outras espécies nas gélidas condições do Ártico e do Antártico”. Apesar desta resiliência e da grande quantidade de espécies de musgo — estimam-se que existam entre 15 mil e 25 mil espécies atualmente há alguma vulnerabilidade. “Em Portugal conhecem-se 500, das quais perto de metade tem estatuto de proteção ou não tem informação que permita estabelecê-lo”.
O musgo potencia o ciclo de elementos como o azoto, fósforo e matéria orgânica. Além disso, como refere a National Geographic, citando o estudo The global contribution of soil mosses to ecosystem services, “este funciona como um armazém de nutrientes, caso do carbono, retendo aproximadamente 6430 milhões de toneladas métricas deste elemento essencial, mas problemático, mantendo-o fora da nossa atmosfera saturada”. A mesma fonte salienta ainda que estes regulam ainda potenciais agentes patogénicos.
Devido às suas características físicas, as briófitas são também excelentes bioindicadores da qualidade do ar e da água. Como não têm raízes e são desprovidos de um sistema vascular de condução interna, o seu fornecimento de água e nutrientes é realizado através da precipitação atmosférica. Por isso, estão diretamente expostos a poluentes, incluindo metais pesados. São ainda espécies muito boas para a avaliação ecológicas das mudanças climáticas. Como refere o texto da National Geographic “sem esta cobertura verde ancestral, o mundo não conseguiria sobreviver!”.