Investigadores da Universidade de Liège desenvolvem equações para calcular o comprimento de répteis marinhos do período Mesozoico
Um estudo recente conduzido por uma equipa da Universidade de Liège desenvolveu equações inovadoras que permitem estimar o tamanho de grandes répteis marinhos extintos, mesmo quando apenas fragmentos dos seus esqueletos estão disponíveis. Este avanço promete lançar nova luz sobre a evolução e ecologia destes predadores que dominaram os mares há mais de 100 milhões de anos.
A questão de como determinar o tamanho de animais extintos quando só restam alguns ossos dispersos tem sido um desafio persistente para os paleontólogos. “Durante décadas, os especialistas têm lutado com esta dificuldade”, explica o Prof. Valentin Fischer, paleontólogo e diretor do Evolution & Diversity Dynamics Lab. “A maioria dos fósseis de grandes répteis marinhos, como ictiossauros, mosassauros e crocodiliformes marinhos, está incompleta, tornando difícil estimar com precisão o tamanho destes animais.”
Para resolver este problema, a equipa compilou e analisou centenas de medições de espécimes com esqueletos completos. Foram testadas 23 medidas diferentes – desde o comprimento do tronco e dimensões vertebrais até às proporções das nadadeiras – para identificar quais eram os melhores indicadores do tamanho total do animal. Os resultados revelaram que certos elementos do esqueleto, como o comprimento do tronco ou as vértebras, são excelentes preditores do comprimento total, embora cada grupo de répteis necessite de equações específicas.
Este avanço abre novas perspetivas na investigação paleontológica. “O tamanho de um animal é um fator chave na sua ecologia”, afirma Fischer. “Com estas equações, poderemos criar bases de dados extensas sobre a evolução do tamanho dos predadores marinhos ao longo de crises ecológicas passadas.” Em termos práticos, isto permitirá compreender como estes monstros marinhos cresceram, encolheram ou desapareceram à medida que o seu ambiente se transformava.
O estudo representa um marco significativo na paleontologia, oferecendo à comunidade científica ferramentas matemáticas precisas para reconstruir a vida marinha do Mesozoico a partir de fósseis fragmentados.