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Teresa Cotrim

Nova luz sobre a conservação da “biodiversidade escura” nas florestas tropicais

Investigadores da Universidade de Turku revelam a importância das florestas africanas na preservação de espécies ainda desconhecidas para a ciência.

Um estudo conduzido pela Unidade de Biodiversidade da Universidade de Turku, na Finlândia, trouxe novas perspetivas sobre a conservação da chamada biodiversidade escura — um conceito que se refere a espécies mal conhecidas ou completamente desconhecidas pela ciência, e que por isso são frequentemente ignoradas em estratégias de conservação.

A investigação, realizada no Parque Nacional de Kibale, no Uganda, incidiu sobre a diversidade de vespas parasitoides, em particular da subfamília Pimplinae, um dos grupos mais diversos de insetos no mundo. Estas vespas desempenham um papel crucial nos ecossistemas, uma vez que regulam populações de outros insetos e aranhas ao parasitar os seus estados imaturos.

Tapani Hopkins, Biodiversity Unit of the University of Turku

Segundo o doutorando Emil Österman, que liderou o estudo, os resultados são reveladores:“Estimamos que mais de metade das espécies que identificámos sejam novas para a ciência. Descobrimos que tanto as florestas primárias como as áreas em regeneração após cortes de madeira mantêm uma fauna rica em Pimplinae, em contraste com zonas agrícolas vizinhas. Estes habitats são fundamentais para conservar uma biodiversidade ainda desconhecida.”

A importância da biodiversidade escura

O termo biodiversidade escura sublinha um dos maiores desafios atuais da ciência: a maioria das espécies da Terra ainda não foi descrita. Este desconhecimento é particularmente acentuado em florestas tropicais, cuja diversidade estrutural, funcional e específica continua mal estudada.

A investigação finlandesa fornece dados de longo prazo inéditos sobre como a diversidade destes insetos se distribui em diferentes tipos de habitat. Para Tapani Hopkins, também investigador da Universidade de Turku, estes dados são cruciais:

“Podemos agora afirmar com maior detalhe quantas espécies existem nas florestas naturais e até que ponto áreas perturbadas ou exploradas conseguem ainda albergar diversidade. É informação valiosa para esforços de conservação no Afrotropico.”

Comparação entre continentes

O estudo incluiu ainda uma comparação com dados recolhidos anteriormente na Amazónia ocidental e na floresta costeira do Brasil. A análise sugere que as florestas sul-americanas podem concentrar a maior riqueza de espécies de Pimplinae, embora as florestas africanas revelem também uma fauna notável.

Para o professor Ilari E. Sääksjärvi, a urgência é clara:

“Conservar estas espécies exige conhecimento detalhado da sua distribuição, tanto a nível local como global. O desaparecimento acelerado das florestas tropicais significa perdermos incontáveis espécies das quais nada sabemos. É uma verdadeira corrida contra o tempo.”

Apoios e enquadramento

O trabalho insere-se no programa Sustainability Transformation Doctoral Education Pilot (SusTra), financiado pelo Ministério da Educação e Cultura da Finlândia e pelo Conselho de Investigação da Finlândia. Contou ainda com o apoio da Fundação Alfred Kordelin, da Sociedade Entomológica da Finlândia, da Fundação Cultural Finlandesa, da Oskar Öflunds Stiftelse, da Svensk-Österbottniska Samfundet e da Waldemar von Frenckells stiftelse.

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