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Nova osga descoberta em Madagáscar pode desaparecer antes de ser conhecida

Uma equipa internacional de investigadores descobriu uma nova espécie de osga a viver entre blocos de granito nas encostas ocidentais do maciço Andringitra, no sudeste de Madagáscar. A espécie, Paragehyra tsaranoro, está confinada a três pequenos fragmentos de floresta e poderá estar em perigo crítico de extinção.

Foto:Javier Lobon-Rovira

A descoberta foi publicada na revista científica ZooKeys e representa mais um alerta sobre o estado da biodiversidade malgaxe, uma das mais ricas e ameaçadas do planeta. A nova osga foi batizada de Paragehyra tsaranoro, em homenagem ao vale de Tsaranoro, onde foi observada pela primeira vez.

“Esta osga não é apenas endémica de Madagáscar, mas é também o que designamos como uma espécie microendémica – com uma distribuição extremamente restrita,” explica Francesco Belluardo, investigador da Universidade de Molise (Itália) e autor principal do estudo.

Porque é uma osga — e não é uma lagartixa?

Foto:Javier Lobon-Rovira

Em Portugal, os termos “osga” e “lagartixa” são muitas vezes usados de forma intercambiável, mas referem-se a animais diferentes:

  • As osgas, como a Paragehyra tsaranoro, pertencem à família Gekkonidae. São geralmente nocturnas, têm dedos adaptados com lamelas adesivas que lhes permitem escalar superfícies lisas (como paredes ou tetos), não têm pálpebras móveis e muitas vezes conseguem emitir pequenos sons.
  • As lagartixas, por outro lado, pertencem maioritariamente à família Lacertidae. São diurnas, não têm almofadas adesivas nos dedos, possuem pálpebras móveis e têm um corpo mais esguio. Em Portugal, o exemplo mais comum é a Podarcis muralis, conhecida como lagartixa-comum.

Portanto, P. tsaranoro é inequivocamente uma osga, com todas as características típicas do grupo.

Microendémica e ameaçada

Esta nova osga foi encontrada em apenas três pequenos fragmentos de floresta, todos localizados num raio de 15 quilómetros. Estas áreas são o que resta de uma floresta outrora contínua, devastada pela desflorestação que continua a ameaçar o património natural de Madagáscar.

Dado o seu alcance extremamente limitado e a pressão crescente sobre o seu habitat, os investigadores recomendam que a espécie seja classificada como Criticamente em Perigo na Lista Vermelha da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

“Estes pequenos fragmentos florestais são essenciais para completar o inventário das espécies de répteis e anfíbios de Madagáscar,” sublinham os autores do estudo, que inclui cientistas de várias instituições internacionais, entre os quais o biólogo português Gonçalo M. Rosa.

Foto:Javier Lobon-Rovira

Florestas sagradas e conservação comunitária

Grande parte da distribuição conhecida desta osga situa-se fora da rede oficial de áreas protegidas de Madagáscar. A sua sobrevivência depende atualmente de reservas geridas por comunidades locais, criadas para promover meios de vida sustentáveis e proteger a biodiversidade.

“Estas florestas fragmentadas escondem verdadeiros tesouros de biodiversidade,” refere Belluardo. “Além disso, muitas destas zonas são conhecidas como ‘Forêts sacrées’ – florestas sagradas – porque abrigam rochedos usados como túmulos ancestrais pelo povo Betsileo. A preservação deste património cultural tem ajudado, de forma indireta, a conservar também a fauna local.”

O estudo reforça a ligação íntima entre cultura e natureza e sugere que, em muitos casos, a proteção da biodiversidade passa também pela valorização das tradições locais.

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