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Já é possível saber quando um ovo de dinossauro foi posto

Uma nova técnica para datar ovos de dinossauro permitiu, pela primeira vez, determinar com precisão quando foram postos, abrindo caminho para novas descobertas sobre a evolução destes animais e o clima da Terra há milhões de anos.

Investigadores internacionais utilizaram o método de datação por uraní­nio-chumbo (U-Pb) — descrito como um “relógio atómico para fósseis” — em cascas de ovos fossilizados encontrados no centro da China. Os resultados, publicados na revista Frontiers in Earth Science, revelam que estes ovos têm cerca de 85 milhões de anos, correspondendo ao Cretácico Superior, período que se estendeu entre 100 e 66 milhões de anos atrás.

“Mostramos que estes ovos de dinossauro foram depositados há cerca de 85 milhões de anos, no período Cretácico Superior”, explicou o autor correspondente do estudo, Bi Zhao, investigador do Instituto de Geociências de Hubei. “Fornecemos as primeiras restrições cronológicas robustas para estes fósseis, resolvendo incertezas de longa data sobre a sua idade.”

Foto:Dr.-Bi-Zhao

Uma técnica inovadora

Até agora, a datação de ovos de dinossauro dependia de métodos indiretos, como analisar rochas vulcânicas ou cristais encontrados nas camadas geológicas próximas dos fósseis. O problema é que essas formações podem ser mais antigas ou mais recentes do que os ovos, introduzindo margens de erro significativas.

A nova técnica contorna essa limitação. Os cientistas usaram um laser microscópico para vaporizar minerais de carbonato presentes na casca dos ovos. O material vaporizado foi analisado por um espectrómetro de massa, que permite contar átomos de urânio e chumbo.
Este método baseia-se no facto de o urânio se transformar naturalmente em chumbo a uma velocidade constante ao longo do tempo. Assim, ao medir a quantidade de chumbo acumulada, os investigadores conseguem calcular com elevada precisão a idade da amostra.

“É como um relógio atómico para fósseis”, resumiu Zhao.

Os ovos analisados foram encontrados na Reserva Nacional de Fósseis de Ovos de Dinossauro de Qinglongshan, na Bacia de Yunyang, centro da China — a primeira do género no país. Ali foram identificados mais de 3.000 ovos fossilizados, a maioria pertencentes a uma única espécie, Placoolithus tumiaolingensis, da família Dendroolithidae, cujas cascas são altamente porosas.

O exemplar estudado fazia parte de um conjunto de 28 ovos preservados em rochas sedimentares. As análises apontaram para uma idade de cerca de 85 milhões de anos, com uma margem de erro de 1,7 milhões de anos para mais ou para menos.

Clima e extinção

No período em que estes ovos foram postos, a Terra atravessava uma fase de arrefecimento global que tinha começado alguns milhões de anos antes, no chamado Turoniano (93,9 a 89,8 milhões de anos atrás).

Essa transição de um clima quente para outro mais fresco poderá ter contribuído para a diminuição da diversidade dos dinossauros e para alterações na forma como as diferentes espécies se reproduziam.
“Os poros especializados dos ovos dos Dendroolithidae podem representar adaptações evolutivas a esta mudança climática, já que novos tipos de ovos surgiram em todo o mundo durante este arrefecimento”, explicou Zhao.

No entanto, acrescenta o investigador, Placoolithus tumiaolingensis pode ter representado um beco sem saída evolutivo: “A população de dinossauros que os produzia poderá não ter conseguido adaptar-se com sucesso às mudanças climáticas.”

Foto:Dr.-Bi-Zhao

Perspetivas futuras

Embora tenham sido analisadas apenas algumas amostras de cascas, os resultados coincidiram entre si e foram consistentes com a idade das rochas envolventes. A equipa pretende agora expandir o estudo para ovos encontrados em diferentes camadas geológicas da região, criando uma linha temporal mais completa da presença dos dinossauros.

Zhao acredita que este avanço terá impacto além da paleontologia:
“A nossa conquista tem implicações significativas para a investigação sobre a evolução e extinção dos dinossauros, bem como sobre as mudanças ambientais na Terra durante o Cretácico Superior. Estas descobertas podem transformar os fósseis em narrativas cativantes sobre a história do planeta.”

Foto:Dr-Bi-Zhao

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