Seis instituições e organizações ligadas ao arquipélago equatoriano das Ilhas Galápagos estão a preparar um protocolo de monitorização para os petréis, uma ave marinha que nidifica apenas no arquipélago e que está em risco de extinção
Conhecida cientificamente como Pterodroma phaeopygia, esta ave passa a maior parte da sua vida no mar, alimentando-se de lulas, pequenos peixes e invertebrados.
Regressa a terra apenas para se reproduzir e mais tarde para nidificar, fazendo os seus ninhos quase exclusivamente nas terras altas das ilhas de Santa Cruz, Floreana, Santiago, Isabela e San Cristóbal. A fêmea põe apenas um ovo por estação, o que a torna particularmente vulnerável.
O petrel das Galápagos está classificado como Criticamente em Perigo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), informou a Fundação Jocotoco na sexta-feira.
A fundação, juntamente com a Direção do Parque Nacional das Galápagos, Conservando Galápagos, a Fundação Charles Darwin, a American Bird Conservancy e a Universidade de São Francisco de Quito, estão a trabalhar para proteger esta espécie única.
Entre as ameaças enfrentadas pelo petrel de Galápagos, que reduziram sua população, estão predadores invasores, como ratos, que consomem seus ovos e filhotes; plantas invasoras, como goiaba e amora, que alteram seu habitat.
Além disso, a perda de locais de nidificação, as redes de pesca que capturam acidentalmente petréis adultos e o aumento da poluição marinha significam que “as populações de petréis estão a diminuir”, diz Jocotoco, antes de salientar que este problema não afeta apenas o petrel, mas todo o ecossistema das Galápagos.
Através do seu guano, o petrel transporta nutrientes do oceano para a terra, fertilizando o solo e promovendo a biodiversidade. A sua presença também serve como um indicador valioso da saúde do ecossistema marinho: menos petréis significa que outras espécies também podem ser afetadas.
Perante esta situação, as instituições e organizações acima referidas procuram alargar as áreas de monitorização, reforçar o controlo das espécies invasoras e garantir ações de conservação eficazes.
Para isso, estão a preparar em conjunto um novo protocolo de monitorização “que irá gerar dados mais sólidos e fiáveis”.
“Com este protocolo e as nossas ações de colaboração, esperamos estabilizar as populações de freira-das-galápagos e aumentar a resiliência dos ecossistemas que habitam. Estamos empenhados em restaurar o lugar do petrel no arquipélago e aumentar a sua população para níveis mais próximos do que foi no passado”, diz Patricia Isabela Tapia, Oficial de Conservação Marinha da Fundación Jocotoco.
A Jocotoco criou a reserva Los Petreles em 2018 como um refúgio essencial para proteger esta espécie da extinção.
Localizada na Ilha de San Cristóbal, a reserva cobre 120 hectares e fornece um habitat essencial para o petrel. Alberga sete colónias de nidificação e 141 ninhos monitorizados.
Além disso, a reserva tornou-se um centro de restauração ecológica, onde se trabalha ativamente no controlo de espécies invasoras e na recuperação de ecossistemas degradados.
A Jocotoco salienta que a promoção de um profundo sentido de gestão ambiental e de ligação à comunidade é essencial para que a conservação seja sustentável, pelo que envolve ativamente a comunidade local nas iniciativas da reserva.
Acolhem organizações de investigação, promovem atividades educativas com estudantes e organizam visitas especiais, como dias de reflorestação, que ligam as pessoas à natureza.
Também trabalham com agricultores locais, guardiões de importantes habitats de nidificação fora dos limites da reserva, que se situa no arquipélago das Galápagos, a cerca de 1000 quilómetros do continente equatoriano, e que foi declarada Património Mundial da UNESCO em 1978.
Texto escrito por LUSA