As regras de Charles Darwin, o pai da teoria da evolução humana parece que afinal também se aplicam a materiais não vivos. A química explica como!
Sabemos que a evolução darwiniana atua em todas as formas de vida, mas será que a evolução acontece também em materiais não vivos? Num artigo publicado na revista Nature Chemistry Sijbren Otto, Professor de Química de Sistemas na Universidade de Groningen, demonstra que os princípios-chave da evolução darwiniana, como a sobrevivência do mais apto, também se manifestam em sistemas simples não vivos.
Sijbren Otto e a sua equipa utilizaram um sistema de três moléculas auto-replicantes diferentes que, nas condições certas, crescem e se dividem espontaneamente. Quando colocadas a competir entre si, todas necessitando do mesmo bloco químico de construção para crescer e replicar-se, uma delas acabou por superar as outras. Este é um exemplo de “sobrevivência do mais apto”. No entanto, quando necessitaram de blocos de construção diferentes, todos os replicadores foram capazes de “sobreviver” e coexistir. Isto assemelha-se ao modo como as espécies coexistem em diferentes nichos ecológicos.
Estes resultados demonstram que os princípios básicos da evolução darwiniana podem atuar em materiais não vivos, sugerindo que a evolução é anterior à vida. O próximo passo é investigar até onde a evolução darwiniana pode conduzir esses materiais não vivos. Este trabalho lança uma nova luz sobre como a vida pode ter surgido a partir de materiais não vivos e marca um passo importante na síntese de novas formas de vida em laboratório.