A organização ambientalista Rewilding Portugal alertou hoje para a perda de espécies ao lamentar a confirmação da extinção global da borboleta-branca-da-Madeira (Pieris wollastoni), que considerou “um sinal claro do colapso em curso da biodiversidade”.
Em comunicado, a organização não-governamental (ONG) que promove a conservação da natureza indica que, segundo a Lista Vermelha Europeia das Borboletas, esta é a primeira espécie de borboleta europeia a ser classificada como globalmente extinta.
“Trata-se de um marco trágico na história natural do continente e do país, e um sinal claro do colapso em curso da biodiversidade”, refere.
Para a Rewilding, no entanto, “ainda há tempo para inverter a trajetória” que conduzirá a mais extinções se se agir “com determinação e visão de futuro”.
“O desaparecimento da borboleta-branca-da-Madeira é um sinal claro de que é urgente agir no restauro da biosfera. Restaurar a natureza exige coragem política, escala e urgência. O momento é agora”, afirma Pedro Prata, líder de equipa da Rewilding Portugal, citado no comunicado.
Segundo a ONG, “nos últimos dez anos, o número de espécies de borboletas ameaçadas na Europa aumentou 73%, passando de 37 para 65”, devido à “perda e degradação de habitat, intensificação agrícola, drenagem de zonas húmidas, sobrepastoreio e fragmentação”.
Além disso, as alterações climáticas “já afetam mais de metade das espécies ameaçadas”.
“Em Portugal, onde persistem habitats únicos e espécies endémicas, o risco é particularmente elevado. As ilhas da Madeira e dos Açores, com ecossistemas frágeis e isolados, estão entre os locais mais vulneráveis”, sublinha.
Perante a situação, a organização ambientalista apela “a um compromisso nacional pelo restauro ecológico, com urgência e ambição”, defendendo que o restauro da natureza passe a ser “um desígnio nacional”.
“Portugal precisa de políticas públicas robustas, financiamento dedicado e mecanismos de monitorização e transparência que assegurem resultados mensuráveis: mais biodiversidade, mais habitats funcionais e mais equilíbrio ecológico”, adianta.
Reafirma, a propósito, o seu “compromisso em acelerar iniciativas de restauro ecológico e promover paisagens mais selvagens e resilientes, em colaboração com comunidades, entidades públicas e privadas”.
LUSA


