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Teresa Cotrim

Pássaros usam pele de cobra nos ninhos para dissuadir predadores

Confesse, se visse um ninho com pele de cobra teria coragem de lá ir roubar os ovos? Parece que os predadores “pensam” o mesmo

Esta não é uma notícia nova, uma vez que já se sabe que muitas espécies de pássaros utilizam este truque para decorar os seus ninhos. As cobras mudam de pele, por isso não é complicado encontrar na natureza esta epiderme seca. Porém, quando um pássaro cobre o seu ninho com pele de cobra, não está apenas a fazer uma escolha de decoração interessante. Os investigadores da Universidade de Cornell descobriram que, para algumas aves, isso mantém os predadores afastados.

Os cientistas combinaram dados novos e históricos para mostrar que as aves que nidificam em cavidades – ninhos cobertos com pequenas aberturas – têm mais probabilidades de utilizar peles de cobra na sua construção do que as aves que constroem ninhos abertos, e esta prática ajuda a dissuadir os predadores de comerem os ovos. “O que é que as cobras comem? Comem muitos ratos e pequenos mamíferos”, disse Vanya Rohwer, investigadora sénior e principal autora do artigo publicado na revista The American Naturalist.

“Pensamos que uma história evolutiva de interações prejudiciais entre predadores de pequenos corpos de aves que são frequentemente comidos por cobras deve fazer com que esses predadores tenham medo da pele de cobra dentro de um ninho”, disse Rohwer. “Pode alterar o seu processo de decisão de entrar ou não num ninho”. Os observadores de aves documentaram o uso de peles de cobra em ninhos durante séculos e especularam que isso ocorre mais em ninhos de cavidade, mas ninguém tinha ainda testado esta teoria, disse Vanya Rohwer.

Para testar os benefícios que as aves poderiam estar a obter da pele de cobra, os investigadores exploraram se a pele de cobra poderia reduzir a predação do ninho, reduzir os ectoparasitas nocivos do ninho, alterar as comunidades microbianas de forma a beneficiar as aves ou funcionar como um sinal de qualidade parental e aumentar o esforço que os pais fazem na criação dos seus filhotes. Entre estas ideias, os resultados apoiaram a hipótese de predação do ninho, mas apenas em ninhos de cavidade.

Para esta experiência, os investigadores colocaram dois ovos de codorniz no interior de mais de 60 caixas-ninho e 80 ninhos inativos de pisco-de-peito-ruivo colocados ao redor da Monkey Run Natural Area, em Ithaca, para simular ninhos de cavidade e ninhos de copa aberta. Alguns ninhos receberam peles de cobra recolhidas de um criador local e outros não.

Durante duas semanas, a cada três dias, os investigadores transportaram uma escada através de Monkey Run para subir aos ninhos e verificar os ovos. Além disso, instalaram câmeras para registrarem a ação de outros animais. As imagens

de vigilância revelaram que pequenos mamíferos e predadores de ninhos de aves visitavam os ninhos de copa aberta, enquanto apenas pequenos mamíferos – principalmente esquilos voadores – visitavam as caixas-ninho.

“Se estivéssemos numa dessas caixas-ninho e tivéssemos pele de cobra, teríamos muito mais hipóteses de sobreviver a esse período de 14 dias”, disse Vanya Rohwer, investigador associado do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Escola de Agricultura e Ciências da Vida de Cornell e principal autor do estudo.  “Os benefícios do material são mais fortemente expressos em ninhos de cavidade”, termina.

Com esta descoberta, os cientistas afirmam não haver dúvida de que os pássaros usam mesmo pele de cobra nos seus ninhos para evitar ataques.

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