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Plantas invasoras estão a transformar os trópicos e a vida das comunidades locais

As plantas invasoras estão a alterar profundamente os ecossistemas tropicais e a relação das populações locais com a natureza. A conclusão é de um estudo internacional liderado pelos investigadores Ninad Avinash Mungi e Jens-Christian Svenning, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

Segundo os cientistas, foram identificadas cerca de 10 mil espécies vegetais exóticas nos trópicos e subtrópicos, com especial incidência nas ilhas, que são verdadeiros pontos críticos de invasão. Embora a maioria destas espécies não cause problemas, algumas tornam-se invasoras, afetando cadeias alimentares, serviços ecossistémicos e modos de vida tradicionais.

Exemplos da Índia ao Brasil

Na Índia, grandes áreas da cordilheira dos Gates Ocidentais foram tomadas pela Lantana camara, uma planta originária das Américas. A expansão desta espécie obrigou comunidades como o povo Soliga a abandonar práticas tradicionais e procurar novos meios de subsistência.

Outro exemplo é o jacinto-de-água, que cobre lagoas e rios, sufocando outras plantas e afetando a disponibilidade de recursos hídricos.

No Brasil e na Amazónia, gramíneas invasoras intensificam incêndios florestais, impedem a regeneração natural e contribuem para maiores emissões de dióxido de carbono.

Uma história antiga, mas acelerada

A introdução de plantas em novos territórios acompanha a humanidade desde os primórdios da agricultura. Contudo, o ritmo acelerou com a era colonial e, mais recentemente, com a globalização. Hoje, o comércio internacional e as alterações climáticas tornam os ecossistemas ainda mais vulneráveis.

De acordo com os investigadores, as alterações no uso do solo, a desflorestação e a perda de fauna criam condições para que espécies exóticas se expandam rapidamente. Inicialmente “passageiras” das perturbações humanas, muitas tornam-se depois “motoras” dessas mesmas perturbações.

O lado positivo das espécies exóticas?

Embora as espécies invasoras exijam gestão ativa, os cientistas sublinham que nem todas as plantas exóticas são prejudiciais. Algumas podem desempenhar papéis positivos em ecossistemas degradados ou em transformação climática acelerada, funcionando como tampão contra o colapso.

“É essencial distinguir entre espécies problemáticas e espécies neutras ou até benéficas. Uma gestão inteligente passa por integrar esta complexidade”, afirma o professor Jens-Christian Svenning.

Soluções baseadas na natureza e nas comunidades

Eliminar por completo espécies invasoras é caro, difícil e muitas vezes ineficaz. Por isso, os investigadores defendem Soluções Baseadas na Natureza para controlar biologicamente estas plantas.

Entre as estratégias sugeridas está a reintrodução de grandes herbívoros, como búfalos e elefantes, capazes de limitar a expansão de plantas invasoras em savanas e planícies aluviais.

Contudo, quando a invasão já é irreversível, muitas comunidades locais optam por adaptar-se: usam a Lantana para artesanato e mobiliário, a Prosopis juliflora para produzir biochar e o jacinto-de-água para produtos comerciais.

“A colaboração com as comunidades locais é crucial”, destaca Ninad Avinash Mungi. “Elas conhecem melhor os ecossistemas e conseguem encontrar soluções criativas e sustentáveis.”

Estudo aqui

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