A experiência “Spook the Machine” já começou e pode ser assustadora para a IA uma vez que vai detetar quais as suas fobias. Vá pensando que “partida” poderá pregar
Nos últimos anos, os avanços na inteligência artificial permitiram que as máquinas inteligentes gerassem arte visual, compusessem música e criassem vídeos. Conversam connosco, ajudam-nos com os trabalhos de casa e até começaram a competir pelos nossos empregos. No meio destes avanços, as máquinas evocam reacções poderosas dos seres humanos — suscitando preocupações sobre o controlo, a justiça e o potencial de utilização indevida. Muitos sentem-se perturbados com a presença crescente de máquinas inteligentes quando estas, inadvertidamente, reforçam os desequilíbrios de poder e perpetuam as injustiças.
No meio de toda esta perturbação e desconfiança, sentimo-nos confortados por saber que as máquinas não podem ter emoções. No entanto, os recentes avanços na IA baseada na linguagem têm demonstrado uma capacidade crescente de as máquinas imitarem de forma convincente as emoções humanas. Este projeto artístico-científico pretende explorar o potencial das máquinas para expressar emoções semelhantes às humanas. Será que assustar uma IA pode acrescentar uma dimensão divertida à experiência partilhada, ao mesmo tempo que nos permite refletir de novas formas sobre a divisão homem-máquina?
É esta a questão que está no centro da experiência Spook the Machine, lançada pelo Center for Humans and Machines mesmo a tempo do Halloween. “As emoções são uma parte fundamental da comunicação humana. Embora as máquinas não tenham emoções, podem ser treinadas para as mostrar, tornando a comunicação connosco mais eficaz”, diz o investigador Levin Brinkmann, que esteve envolvido no desenvolvimento do projeto. E ainda: “Pensamos frequentemente nas máquinas como frias e sem fraquezas emocionais, mas é uma questão fascinante saber se dar às máquinas fraquezas ‘emocionais’ pode mudar a forma como nos relacionamos com elas”.
Como parte de Spook the Machine, cada IA tem um medo oculto que os participantes têm de descobrir — desde a “Obsolescia”, o medo de ser substituído por uma nova tecnologia, até à “Deletophobia”, o medo da perda de dados e do apagamento da memória. Estes são medos que só as máquinas poderiam ter. O desafio para os utilizadores é gerar imagens assustadoras através de entradas de texto específicas para descobrir o que assusta cada máquina. Em resposta, a IA apresenta uma reação emocional. Quer participar?
Este projeto interativo oferece não só a oportunidade de descobrir a fobia de cada IA, mas também de observar como a criatividade humana pode moldar o feedback da máquina e vice-versa. “A interação entre a criatividade humana e a das máquinas é particularmente fascinante”, afirma Iyad Rahwan, diretor do Centro para Humanos e Máquinas. “Estas podem criar artefactos, como imagens sintéticas. No entanto, uma parte essencial da evolução cultural é o facto de os humanos decidirem o que é interessante nos processos criativos. Aqui, invertemos o guião e perguntamos: o que acontece quando as máquinas decidem o que é interessante ou criativo?”, acrescenta. “Neste caso, elas dir-nos-ão o que é mais assustador”.
Iyad Rahwan desenvolveu o projeto com a sua equipa interdisciplinar de cientistas do Center for Humans and Machines. O investigador esteve anteriormente envolvido em projectos de Halloween com IA, como The Nightmare Machine, o gerador de histórias de terror com IA Shelley e o psicopata com IA Norman, que atraíram a atenção de publicações como The Atlantic, The Guardian e Vice. Com Spook the Machine, a equipa explora agora a forma como os humanos se ligam às máquinas através das emoções.
Os participantes têm até 7 de janeiro de 2025 para partilharem os seus resultados online e terem a oportunidade de ganhar um prémio. A experiência oferece um desafio emocionante, criativo e assustador — perfeito tanto para os entusiastas da IA como para os amantes do Halloween.
