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Teresa Cotrim

Porque é a Gronelândia cobiçada? A culpa é do degelo que dá acesso a minérios e a navegar o Ártico

Esta ilha da Dinamarca é uma espécie de frigorífico num mundo a aquecer, desempenhando um papel fundamental para as alterações climáticas, com o degelo deixa acessível minérios valiosos e abre uma nova rota marítima

A Gronelândia gelada, inacessível, quase inexplorada e rica em tantos recursos naturais passou a estar na mira dos Americanos, Russos e Chineses, mas este tema não é de agora. Em 2020, Donald Trump, Presidente do Estados Unidos na época já tinha demonstrado interesse em comprar a pequena ilha do Ártico que apesar de ser autónoma pertence à Dinamarca. Na altura, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen considerou a proposta “absurda”, como noticiou a BBC. Após resolvidas as diferenças, os EUA aumentaram a sua influência na Gronelândia abrindo um consulado, além de já administrarem uma potência militar a norte da ilha, a base aérea de Thule.

A Gronelândia é a maior ilha do mundo, se considerarmos a Austrália como um continente. Com 56 mil habitantes, é o território menos densamente povoado do planeta. Segundo a BBC, a economia da Gronelândia depende da pesca, que representa 95% das suas exportações, e de um subsídio anual do governo dinamarquês —3,9 mil milhões de coroas dinamarquesas.

Mas porque está agora no centro de uma tensão geopolítica?

Para Filipe Duarte Santos, Professor Catedrático do Departamento de Física da FC-UL e especialista em alterações climáticas há duas razões. A primeira porque a Gronelândia possui um dos maiores depósitos dos chamados metais de terras raras, caso do neodímio, prasodímio, disprósio e térbio, cada vez mais utilizados na fabricação de telemóveis, computadores e carros elétricos. Possui ainda minérios de ferro, ouro e rubi. A cereja no topo do bolo, as vastas reservas de gás e milhões de barris de petróleo. “Com as alterações climáticas e o derretimento do gelo glaciar é mais fácil aceder a estas matérias-primas até agora submersas”, explica.

O investigador aponta ainda o degelo. “A área de gelo marítimo que flutua no Ártico é cada vez mais pequeno. No final da Primavera, por volta de Março atinge a camada máximo de extensão de gelo e atinge o mínimo em Setembro. Isto permite que os barcos consigam passar”. Filipe Duarte Santos refere ainda que os chineses já construíram barcos com cascos apropriados para conseguirem navegar nestas águas. Porém, o especialista em aquecimento global vaticina: “Está quase garantido que o Ártico ficará sem gelo até 2050-2060, passando a haver apenas água líquida”. Talvez, sejam estas projeções que façam Trump posicionar-se já para o futuro, garantindo uma nova via marítima.

Como refere um artigo da EuroNews, os Estados Unidos desempenham um papel significativo na Antártida: foram uma das 12 nações originais a assinar o Tratado da Antártida em 1959 e têm apoiado consistentemente os seus princípios de cooperação pacífica e exploração científica. Hoje, os EUA operam três grandes estações de pesquisa no continente — Estação McMurdo, Estação Palmer e a Estação Polo Sul — tornando-se uma das nações mais ativas na pesquisa da Antártida. O Tratado da Antártida vai ser revisto em 2048, um momento crucial que pode redefinir a governança do continente. O Protocolo de Proteção Ambiental de 1991, que proíbe todas as atividades de mineração e designa a Antártida como uma “reserva natural, dedicada à paz e à ciência”, também será revisto naquela época, levantando questões sobre o futuro da exploração de recursos. Segundo os especialistas, a crescente procura por energia e água pode desafiar os princípios conservacionistas do tratado

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