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Afinal, as rosas não têm espinhos!

Cientistas descobrem a origem dos espinhos, resolvem mistério botânico e abrem caminho para a possibilidade de se criarem novos produtos

As rosas não têm “espinhos”, mas sim protuberâncias laterais da epiderme, semelhantes às que se encontram nas beringelas. São pontas afiadas, duras e secas, chamadas de acúleos e têm um processo de crescimento semelhante ao nosso cabelo. Ao contrário dos espinhos, que são caules ou folhas modificados e podem ser retirados sem rasgar as fibras da planta. Ao longo de 400 milhões de anos de evolução, muitas espécies de plantas desenvolveram espinhos de forma convergente. Estas saliências oferecem-lhes numerosas vantagens permitindo-lhes dissuadir os herbívoros, reter e absorver a água atmosférica ou apoiar o crescimento de plantas trepadeiras.

Foto: Pixabay @Buntysmum

É neste contexto que um consórcio de cientistas liderado pelo Cold Spring Harbor Laboratory nos EUA e envolvendo o INRAE, descobriu o gene responsável pela presença de acúleos em várias espécies de plantas como o género Solanum —que inclui culturas como as beringelas, batatas e os tomates e o género Rosa. Os resultados foram publicados na revista Science e apontam para a existência de um programa genético comum na origem dos espinhos, dizem em comunicado.

Os investigadores utilizaram uma combinação de abordagens genéticas, incluindo a criação de um mapa genético através do cruzamento de diferentes espécies de beringela, para localizar a posição do gene anteriormente não identificado que controla o desenvolvimento dos acúleos que até agora nunca tinha sido identificado. Através das suas análises, descobriram que o gene LOG Lonely Guy, ou (pessoa solitária, em português) é determinante no controlo do desenvolvimento dos “espinhos”. Este está envolvido na síntese da citocinina, uma hormona vegetal indispensável à proliferação celular e ao desenvolvimento das plantas. Os investigadores identificaram depois este gene no genoma de outras espécies, incluindo a roseira. A alteração ou a eliminação do gene, que provoca a perda de espinhos, confirmaram o seu papel no aparecimento ou não das protuberâncias durante o crescimento das plantas.

Foto: Pixabay @Pexels

Estes resultados mostram a existência de um programa genético comum, na origem de uma inovação morfológica vegetal, os acúleos, que é generalizado e recorrente ao longo da evolução. Abrem também a possibilidade de compreender um mecanismo de desenvolvimento na origem da evolução adaptativa partilhada em várias espécies de plantas.

Segundo um artigo da CNN Brasil este estudo fornece insights sobre a mecânica de como projetar caminhos de desenvolvimento de plantas para melhoria agrícola, isto porque a remoção dos espinhos pode facilitar a colheita e abrir caminho para que produtos menos conhecidos cheguem aos supermercados. Um dos exemplos são as passas do deserto, que são frutas cultivadas em arbustos espinhosos nativos da Austrália. Com os espinhos removidos, esta poderia ser cultivada com mais facilidade e vendida junto às frutas comuns, caso dos mirtilos e morangos.

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