Nada estraga mais um dia de praia do que uma gaivota atrevida a roubar as nossas batatas fritas ou o nosso pastel. Mas a ciência tem boas notícias para quem já travou esta batalha à beira-mar: dizer às gaivotas para se afastarem pode mesmo funcionar — e o tom de voz faz toda a diferença.
Investigadores franceses e britânicos, equipados com fato de banho e gravações, foram para as praias da Cornualha para perceber como as gaivotas reagem à voz humana. O estudo, publicado na revista científica Biology Letters, revela que as gaivotas respondem de forma diferente consoante o tom do aviso: quando ouvem um homem a falar firmemente, tendem a afastar-se a pé; mas quando o aviso é gritado, as aves levantam voo e fogem.
As experiências foram feitas com gravações de homens a dizer — tanto em tom calmo como em tom de grito — a frase:
“Não! Afasta-te! Isso é a minha comida, é o meu pastel!”
Os investigadores garantem que o volume das duas versões era o mesmo; o que variava era apenas o tom. O resultado mostra que as gaivotas não reagem apenas ao som, mas também às características acústicas e emocionais da voz humana.
Segundo a equipa de investigação do AgroParisTech Centre de Massy, em França, e colaboradores do Reino Unido, esta descoberta pode ajudar a encontrar formas não violentas e eficazes de reduzir os conflitos entre humanos e gaivotas nas zonas costeiras.
“As gaivotas estão habituadas à presença humana, mas continuam a interpretar certos tons de voz como sinais de ameaça”, explicam os autores. “Gritar pode ser suficiente para as afastar, sem necessidade de contacto físico ou medidas mais agressivas.”
O estudo foi financiado pela Université Paris-Saclay, através da Bourse de stage à l’international IDEX, e sublinha a importância de compreender melhor a convivência entre humanos e animais urbanos.
Portanto, da próxima vez que uma gaivota se aproximar do seu cone de batatas fritas, lembre-se: um simples “Sai daí!” dito em tom autoritário pode ser o suficiente para salvar o seu lanche — e a sua paciência.


