Por vezes, pensamos que os efeitos das alterações climáticas são apenas sobre nós: mais calor e praia mais cedo no ano. Mas não! Até as salamandras, discretas habitantes dos riachos dos Apalaches, uma cordilheira no leste da América do Norte estão a entrar em confronto aberto por causa da subida da temperatura da água.
Um estudo conduzido por Kailey E. Bissell e Kristen K. Cecala descobriu que, quando a água aquece essas simpáticas criaturas passam de “vizinhos pacíficos” a verdadeiros gladiadores anfíbios.
O fenómeno é simples: com mais calor, há menos espaço confortável, e as salamandras maiores decidem que não querem dividir a piscina natural com as mais pequenas. Resultado? Agressões multiplicadas por quase quatro. É como se um condomínio entrasse em guerra só porque alguém mexeu no termóstato do aquecedor central.
Os investigadores observaram três espécies diferentes: a maior, que normalmente já gosta de se impor; a de tamanho médio, que aparentemente prefere fugir (o típico “não me meto em problemas”); e a mais pequena, que acaba por levar com as patadas — ou neste caso, caudas — da vizinhança.
Em linguagem simples: a salamandra grande torna-se o “segurança do bairro”, a média é o “correr é viver”, e a pequena… bem, essa acaba no canto, a tentar não se meter em sarilhos.
O que este estudo mostra é preocupante: se os riachos continuarem a aquecer, estas rivalidades podem alterar a forma como as espécies se distribuem e convivem. Em vez de comunidades equilibradas, teremos algo mais próximo de um reality show aquático: “Salamandras: Guerra nos Apalaches”.
Enquanto isso, nós cá em cima, humanos, podíamos aprender uma coisa ou duas: afinal, até as salamandras nos estão a mostrar que o calor a mais só dá confusão.
Este texto foi escrito com base neste estudo.