A startup Cultivated Biomaterials acaba de lançar no Kickstarter a Angelry, a primeira coleção de joalharia de luxo feita em couro cultivado a partir de células de um animal vivo. O projeto, que promete revolucionar a moda sustentável, utiliza células de pele da vaca Angel, uma Black Angus resgatada que vive num santuário animal em Nova Iorque.
Segundo o fundador e engenheiro biomédico George Engelmayr, trata-se de “um marco simbólico de progresso – para o bem-estar animal, para a sustentabilidade e para o planeta”. A empresa apresenta este couro como um “gema biológica”, mais rara do que diamantes, e aposta que se tornará num novo segmento de luxo ético.

Couro sem abate e com impacto ambiental reduzido
O processo começa com uma pequena amostra de pele, retirada de Angel durante um check-up veterinário. As células são multiplicadas em biorreatores com nutrientes de origem vegetal, em colaboração com a britânica Multus Biotechnology. O couro resultante é depois curtido com métodos vegetais, sem químicos tóxicos nem plásticos sintéticos.
Estudos apontam que o couro cultivado pode consumir 80% menos água, emitir 90% menos gases de efeito estufa e gerar 95% menos resíduos do que o couro tradicional.
Engelmayr sublinha que, ao contrário de alternativas veganas feitas à base de petróleo, este material oferece autenticidade do couro animal, mas sem sacrificar a vida do animal.
A primeira vaca a ver o seu próprio couro

Células da Angel vistas ao microscópio
Num momento simbólico, Engelmayr levou uma bolsa feita com couro cultivado de Angel até ao santuário onde a vaca vive. Foi a primeira vez na história que um bovino viu couro produzido a partir das suas próprias células enquanto continuava vivo e saudável.
“Estamos a provar que o luxo não precisa de crueldade”, afirma Engelmayr, que trabalhou anteriormente em empresas de carne cultivada como a Mission Barns e a UPSIDE Foods.
Raridade extrema: só existe uma Angel
Cada peça da coleção Angelry é limitada pela origem biológica: todas derivam exclusivamente das células de Angel. Isso torna os brincos, colares e acessórios exclusivos e impossíveis de reproduzir em massa, ao contrário do que aconteceu com os diamantes cultivados em laboratório.
Do laboratório para a moda de luxo
A Cultivated Biomaterials escolheu começar pela joalharia, já que exige pequenas quantidades de couro e permite aperfeiçoar a tecnologia antes de escalar para malas, cintos ou calçado. Os protótipos foram apresentados na UC Davis iCAMP25 Summit e serão também exibidos em setembro no prestigiado Langer Lab do MIT.
A campanha de financiamento coletivo no Kickstarter, lançada a 9 de setembro, oferece peças da coleção Angelry como recompensas para os apoiantes.
Sobre a Cultivated Biomaterials
Fundada em Raleigh, Carolina do Norte, pelo engenheiro biomédico Dr. George Engelmayr, a empresa dedica-se ao desenvolvimento de bens de luxo sustentáveis através da engenharia de tecidos. A missão é clara: criar couro de qualidade superior sem comprometer o bem-estar animal nem o ambiente.