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Teresa Cotrim

Emissões de metano subiram 20% nos últimos cinco anos

As concentrações de metano na atmosfera da Terra aumentaram em velocidade record. Pelo menos dois terços proveem de atividades humanas como agricultura, aterros sanitários e outros resíduos, revela o Global Methane Budget 2024

Mais de 150 países comprometeram-se a cortar nesta década 30% das emissões de metano — um gás de efeito de estufa de pouca duração, mas altamente potente que vem de fontes naturais como pântanos ou de fontes humanas, caso da agricultura, aterros sanitários e combustíveis fósseis,—  mas uma nova pesquisa mostra que estes gases aumentaram mais do que nunca. “Se quisermos manter um clima habitável, esta tendência não pode continuar”, afirmam os investigadores num artigo da Envirnmental Research Letters publicado juntamente com dados da Earth System Science Data .

Ambos os textos resultam do trabalho do Global Carbon Projetc, uma iniciativa presidida por Rob Jackson, cientista da Universidade de Stanford e Presidente do Global Carbon Project que rastreia as emissões de gases de efeito de estufa em todo o mundo.

As notícias não são animadoras. As concentrações atmosféricas de metano são agora mais de 2,6 vezes superiores aos tempos pré-industriais — as mais elevadas em pelo menos 800 mil anos. O caminho atual leva ao aquecimento global acima de três graus Celsius, ou cinco graus Fahrenheit até ao final deste século. O cenário mais pessimista do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas.

Os investigadores explicam que durante os primeiros vinte anos após a libertação, o metano aquece a atmosfera quase 90 vezes mais rápido do que o dióxido carbono, tornando-se, por isso, um alvo chave para limitar o aquecimento global no curto prazo. Apesar do esforço político, segundo a análise, as emissões de metano provenientes da ação do homem aumentaram 20%, ou seja, 61 milhões de toneladas nas últimas duas décadas — a mais elevada ocorreu nos últimos cinco anos.

Em 2020, o ano mais recente para o qual há dados completos disponíveis, quase 400 milhões de toneladas ou 65% das emissões globais de metano vieram diretamente de atividades humanas, com a agricultura e os resíduos contribuindo com cerca de duas toneladas de metano para cada tonelada da indústria de combustíveis fósseis. A nossa atmosfera acumulou quase 42 milhões de toneladas de metano em 2020 — o dobro da quantidade adicionada em média a cada ano durante a década de 2010 e mais de seis vezes o aumento observado durante a primeira década dos anos 2000.

beautiful cow green grass with blue sky
Foto:Freepik

União Europeia e Austrália são os melhores alunos!

Os aumentos estão a ser impulsionados, segundo o estudo, principalmente pelos crescimentos das emissões devido à mineração de carvão, produção e uso de petróleo e gás, criação de gado e ovelhas e decomposição de alimentos e resíduos orgânicos em aterros sanitários. “Somente a União Europeia e possivelmente a Austrália parecem ter diminuído as emissões de metano”, afirma Mariel-le Saunois, da Université Paris-Saclay e principal autora do artigo Earth System Science Data, apontando ainda que os maiores aumentos regionais vieram da China e do Sudoesta da Ásia.

De acordo com os investigadores, as emissões causadas pelo homem continuaram a aumentar até pelo menos 2023. A agricultura, incluindo a pecuária e os arrozais, ainda é a maior fonte, respondendo por 40% das emissões antropogénicas globais do gás. A seguir aparece a atividade de combustíveis fósseis (34%), o manuseio de resíduos (19%) e a queima de biomassa (7%). De acordo com o mesmo estudo, as emissões aumentaram nestes setores devido ao incremento da atividade nas regiões em desenvolvimento e à exploração intensificada dos combustíveis fósseis.

Como capturar o metano da atmosfera?

Atualmente, ainda não existem tecnologias para remover diretamente o metano da atmosfera, por isso, terá de ser pela redução das emissões na fonte. O estudo sugere alguns caminhos, principalmente nos setores dos combustíveis fósseis e resíduos. Algumas delas são: deteção e reparação de vazamentos, recuperação de gás ventilado e práticas aprimoradas na gestão de resíduos. O setor agrícola apresenta mais desafios, mas há medidas que podem ser implementadas, como mudanças na alimentação do gado e melhor gestão do esterco.

Há compromissos internacionais para diminuir as emissões de metano. Caso do Global Methane Pledge, assinado por 150 países, que tem como meta a redução de 30% até 2030. Mas esse objetivo, salientou Rob Jackson, “parece tão distante quanto um oásis no deserto”.

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