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Acompanhar o planeta em tempo real: a nova estratégia contra a crise climática

A China recorrendo ao uso de IA e implementando 330 mil estações de monitorização do planeta que englobam na mesma rede espaço, ar, terra e mar, reduziu 35% a poluição do ar e 20% dos custos

Perante as crescentes ameaças climáticas e a degradação ambiental, os cientistas revelaram uma estrutura nacional transformadora que utiliza dados e inteligência digital para orientar a governação ambiental. A rede de monitorização integrada Espaço-Ar-Terra-Mar, recentemente desenvolvida, abrange milhares de estações e satélites, oferecendo informações quase em tempo real sobre o ar, a água, o solo, o mar e outros ecossistemas. Com esta infraestrutura, os dados ambientais brutos tornam-se não apenas informação, mas uma poderosa ferramenta de tomada de decisões. O sistema transforma sinais brutos em inteligência que apoia intervenções proativas e respostas políticas, transformando a monitorização ambiental num motor para a sustentabilidade. Este modelo representa um avanço significativo, demonstrando como a tecnologia e a governança podem trabalhar em conjunto para proteger o planeta.

Diagrama esquemático da rede integrada de monitorização ecoambiental Espaço-Ar-Terra-Mar.

As pressões ambientais estão a aumentar globalmente. A poluição do ar e da água ceifa milhões de vidas anualmente, a perda de biodiversidade está a acelerar e os pontos de inflexão climáticos estão cada vez mais próximos. No entanto, um dos maiores desafios para enfrentar essas crises é a falta de dados em tempo real e de alta qualidade para orientar a formulação de políticas responsivas. Os sistemas de monitoramento tradicionais são frequentemente fragmentados, lentos e reativos — oferecendo muito pouco, muito tarde. Como resultado, os governos têm dificuldade em avaliar os riscos ecológicos ou implementar soluções oportunas. Devido a essas limitações, há uma necessidade crescente de construir redes de monitoramento inteligentes, integradas e automatizadas que possam oferecer alertas precoces e orientação estratégica para a governança ambiental.

Uma equipa de investigação liderada pelo  Dawei Zhang, do Centro Nacional de Monitorização Ambiental da China, apresentou uma iniciativa abrangente de vigilância ambiental, publicada na revista Environmental Science and Ecotechnology, em maio de 2025. O artigo apresenta o desenvolvimento pela China de um sistema de monitorização massivo e baseado em dados, capaz de capturar a dinâmica ambiental em tempo real no espaço, no ar, no solo e no mar. Esta rede unificada — sem precedentes em escala e design — forma a espinha dorsal da estratégia de governança ecológica da China e serve como uma estrutura tecnológica que pode ser adaptada em todo o mundo para atender aos objetivos de sustentabilidade e clima.

Na última década, a China construiu uma infraestrutura de monitorização expansiva, compreendendo mais de 330 mil estações em todo o país e vários satélites em órbita. Essas instalações rastreiam uma ampla gama de indicadores, desde níveis de PM2,5 e química da água dos rios até contaminação do solo e correntes oceânicas. As principais inovações incluem drones não tripulados, análises alimentadas por IA e laboratórios automatizados que reduzem os tempos de resposta e os custos. Uma plataforma central «cérebro inteligente» funde estes diversos fluxos de dados em modelos preditivos para alertas de poluição atmosférica, avaliações de saúde ecológica e previsões de tendências climáticas. O sistema também impõe uma rigorosa responsabilização pelos dados através de fluxos de trabalho rastreáveis e alertas em tempo real para anomalias.

Esta abordagem teve um impacto mensurável: por exemplo, os níveis nacionais de PM2,5 caíram mais de 35% entre 2015 e 2022. A nível internacional, os mesmos laboratórios digitais e ferramentas de deteção foram implementados nos países da Belt and Road, aumentando a eficiência dos laboratórios em 100% e reduzindo os custos operacionais em 20%. Ao combinar escala, precisão e integração inteligente, o projeto ilustra como a transformação digital pode remodelar fundamentalmente a governança ambiental e as estratégias de saúde pública.

«A monitorização ambiental inteligente não é mais um luxo, é uma necessidade», afirma Dawei Zhang, diretor do Centro Nacional de Monitorização Ambiental da China. «A nossa experiência mostra que, quando os dados em tempo real são integrados com análises inteligentes, podemos prever, prevenir e até reverter os danos ambientais. Este sistema não é apenas uma conquista nacional — é uma ferramenta colaborativa e escalável que pode ajudar a comunidade global a responder de forma mais eficaz aos desafios ecológicos.»

Além das fronteiras da China, este modelo oferece uma estrutura adaptável para outros países que pretendem modernizar a sua governação ambiental. Com as ameaças ambientais a transcender as fronteiras nacionais, a capacidade de partilhar dados fiáveis entre regiões é fundamental. O estudo apela ao reforço das parcerias globais através de iniciativas como o Grupo de Observação da Terra e a Parceria Global de Monitorização Ambiental. Ao partilhar tecnologias, estabelecer normas de dados e investir em infraestruturas inteligentes, as nações podem construir coletivamente uma espinha dorsal digital para o desenvolvimento sustentável. Numa era de crises ecológicas interligadas, a adoção de sistemas de monitorização inteligentes e conectados pode revelar-se essencial para salvaguardar o futuro da Terra.

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